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Cinema

 
 

"Canibal de Rotenburg" impede exibição de filme sobre o seu caso

03 de março de 2006 18h48 atualizado às 19h21

O "Canibal de Rotenburg" ganhou uma batalha contra a indústria cinematográfica ao conseguir na Justiça a proibição da estréia na Alemanha de um filme baseado na sua macabra história.

O Tribunal Territorial de Frankfurt considerou que os direitos individuais de Armin Meiwes, que ficou conhecido como "Canibal de Rotenburg", "pesam mais" do que a liberdade de expressão através da arte e do cinema. Por isso, decidiu proibir a exibição na Alemanha do filme, cuja publicidade diz se tratar de "um filme real de terror".

"Embora sua atitude não tenha precedentes e isso tenha despertado uma grande atenção por parte da mídia, isso não significa que possamos permitir que se transforme em tema de um filme de terror e que ele veja sua vida privada exposta à opinião pública", diz a sentença.

A estréia do filme Butterfly (Borboleta) do diretor Martin Weisz, estava prevista para o próximo dia 9, na Alemanha, sob o título Rohtenburg, fruto de um trocadilho com o nome da localidade de Rotenburg an der Fulda, região de origem de Meiwes, e "roh", que em alemão quer dizer "cru".

A proibição será a melhor campanha de publicidade em outros países para um filme que, se não fosse baseado no caso real, provavelmente passaria despercebido.

O filme, rodado em inglês, é protagonizado pelo camaleônico Thomas Kretschmann no papel do canibal Oliver Hartwin, e tem Thomas Huber no papel da vítima Simon Grombeck. A atriz Keri Russell interpreta a estudante americana de psicologia criminal Katie Armstrong.

Rohtenburg, conta a história de uma estudante de psicologia criminal que vai à Alemanha para investigar o caso do canibal Oliver Hartwin, que conheceu sua vítima pela Internet e a comeu com o seu consentimento.

"Oliver Hartwin queria comer um homem. Simon Grombeck queria ser comido", explica-se no início do filme, que, segundo seu diretor, é apenas "inspirado" no caso do "Canibal de Rotenburg".

No entanto, as coincidências entre o filme e o caso real são enormes. Apesar de os nomes dos protagonistas terem sido mudados e da inclusão de uma estudante de psicologia na trama, os atos relatados são idênticos.

Hartwin mora sozinho, em um casarão, após a morte de sua mãe dominadora. Desde pequeno tem um amigo imaginário e se masturba vendo imagens macabras na Internet.

O canibal do filme, da mesma forma que Meiwes, conhece a sua vítima em um "chat". Depois de um encontro, o canibal corta-lhe o pênis, frita-o numa frigideira e os dois o comem juntos, sobre uma mesa decorada com candelabros, enquanto Hartwin grava toda a cena com uma câmara de vídeo.

Em seguida, mata Grombeck a facadas, corta sua cabeça, esquarteja-o e congela alguns pedaços para comê-los dias depois.

O filme termina com Hartwin buscando mais vítimas na Internet porque "a carne está acabando". Esse foi justamente o momento no qual o canibal real foi descoberto, após a denúncia apresentada por um internauta.

Apesar do tema escabroso, as imagens mostradas por Weisz no filme não ferem a sensibilidade do espectador. Por exemplo, o filme não mostra como ele morde o pênis e o corta com uma faca, mas se vê Grombeck gritar e Hartwin com a boca cheia de sangue.

A macabra história do "Canibal de Rotenburg" inspirou não só Weisz, mas outros cineastas, como Rosa von Praunheim, ícone do movimento homossexual na Alemanha, e ainda o grupo musical alemão Rammstein.

Armin Meiwes conseguiu hoje proibir a estréia do filme na Alemanha, embora a sentença do seu julgamento ainda esteja pendente, pelo menos até maio.

O segundo julgamento contra o "Canibal de Roteburgo" por assassinato começou em 12 de janeiro, no Tribunal Provincial de Frankfurt, depois de o Tribunal Federal Supremo (BGH) mandar reabrir o processo, devido a uma apelação apresentada pela promotoria.

Meiwes foi condenado em janeiro de 2004 a oito anos e meio de prisão por homicídio pelo Tribunal Provincial de Kassel, após confessar ter matado o berlinense Bernd Jürgen Brandes, de 43 anos, que viajou de Berlim à pequena localidade de Rotenburg an der Fulda para deixar-se matar e ser devorado.

O antropófago, de 44 anos, não pôde ser julgado por canibalismo, já que a prática não está tipificada como delito na Alemanha.

EFE
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