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"O cinema é muito ruim em quase todos lugares", diz José Luis Guerín

22 set 2014 - 16h26
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O cineasta espanhol José Luis Guerín afirmou que "geralmente, o cinema é muito ruim, não só na Espanha, mas em quase todos os lugares" e indicou que o 'cinema de autor' não é sempre "sinônimo de bom filme", disse nesta segunda-feira em entrevista à Efe.

No Rio de Janeiro para uma série de conversas e debates, Guerín afirma que gosta de "pensar o cinema em termos de nacionalidades" e disse que "o cinema espanhol, o italiano... em geral, o cinema é muito ruim".

"Um filme ser considerado 'cinema de autor' não quer dizer que seja sempre sinônimo de bom filme, há muitos autores que são horríveis", ressaltou, disposto a desmistificar a aura de superioridade que rodeia esse tipo de filme, no qual o diretor é tido como a principal figura da criação.

Vencedor do Prêmio Goya em 2001 pelo documentário "En construcción" ("Em construção"), Guerín passou as últimas duas semanas no Rio colaborando em diversos eventos sobre o cinema e se mostrou surpreendido a quantidade de "estímulos à indústria cinematogrática em um país mais pobre como o Brasil".

O diretor catalão admitiu que "tentar lutar contra Hollywood é uma batalha perdida" e aproveitou opara elogiar as diretrizes adotadas pela indústria portuguesa que, segundo ele, deixou de lado essa luta para se concentrar na "busca pelo próprio espaço".

Com um projeto em mãos, Guerín espera que a obra se "materialize" em aproximadamente um ano, mas rejeitou dar mais detalhes sobre o novo trabalho.

"Não gosto de falar sobre projetos que ainda estão em andamento, algo que ainda não existe", declarou.

Sobre ter recebido o maior prêmio do cinema espanhol, o diretor confessou que não dá "muita importância aos prêmios", mas ressaltou que "receber uma homenagem como um Prêmio Goya ajuda muito para a promoção, para que o trabalho seja mais reconhecido pelo público".

O artista também não quis comentar sobre sua obra. Segundo ele, "isso é tarefa para os críticos", aos quais atribuiu que "as crônicas dos festivais de cinema cada vez mais parecem uma competição automobilística" por se concentrarem demais nos ganhadores e perdedores.

Sobre suas influências, preferiu não dar nomes concretos. Para ele, assistir filmes de todos os tipos foi o que mais influenciou sua obra, tentando aprender um pouco de tudo.

Quanto à estadia no Rio de Janeiro, o artista disse que adora a cidade carioca e indicou que as conversas sobre cinema que participou serviram para "fugir do clássico esquema de aluno e professor, oferecendo um debate de mais amplo".

A última obra de José Luis Guerín foi "Recuerdos de una mañana" ("Recordações de certa manhã"), de 2011, que teve como cenário principal a rua Casp, em Barcelona.

EFE   
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