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"Os Suspeitos" combina suspense e dilema moral de personagens

20 out 2013 - 10h33
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"Os Suspeitos" (não confundir com o filme homônimo de Bryan Singer, com Kevin Spacey) é um filme avesso a sutilezas, seja nas suas reviravoltas ou na raiva visceral de Hugh Jackman. O diretor, Denis Villeneuve ("Incêndios"), e o roteirista, Aaron Guzikowski ("Contrabando"), não poupam emoção, a começar pelo tema: o sequestro de duas crianças e a jornada de um pai em busca do paradeiro de sua filha.

Trata-se de um filme que investiga o mal, em sua essência e implicações morais. Pode um homem de bem (para usar uma expressão tão comum a ponto de esvaziar seu significado) fazer coisas horríveis? E, ao fazê-las, ele deixa de ser um homem de bem, mesmo que sejam supostamente justificáveis?

Jackman interpreta Keller, cuja filha pequena Anna desaparece ao lado da coleguinha Joy, num dia de Ação de Graças, quando saem para brincar.

O primeiro suspeito é Alex (Paul Dano), rapaz que parece ter problemas mentais e dificuldades em se expressar. Ele é apenas a primeira pista para tentar descobrir o paradeiro das meninas. Um detetive de polícia, Loki (Jake Gyllenhaal), entra no caso. A investigação não leva a nada e Alex é libertado.

Começa aí um dilema moral, para personagens e público. Disposto a arrancar qualquer informação de Alex, Keller o prende numa casa velha, para torturar o rapaz e conseguir alguma pista. Ele pede ajuda a Franklin (Terrence Howard), o pai da outra menina sequestrada. Se Keller não hesita nas implicações de tal ato, o outro homem sempre se sente mal por usar esses métodos.

O mundo onde a trama se desenrola é povoado por almas perdidas, cobertas por um frio gélido e tons de cinza e marrom -da bela fotografia de Roger Deakins ("007: Operação Skyfall").

Grace (Maria Bello), por exemplo, não consegue sequer sair da cama depois do sumiço da filha Anna. Holly Jones (Melissa Leo) cuida do sobrinho Alex e acredita na inocência dele, mas parece não ficar tão abalada com o sumiço do rapaz.

Os personagens são pessoas tementes a Deus. Keller, numa caça, na primeira cena do filme, reza antes de mandar o filho matar o animal. São pessoas que em si encerram as contradições do ser humano.

Como em "Incêndios", o canadense Villeneuve acumula reviravoltas e um final-surpresa, que pode, no entanto, mostrar-se frustrante.

A longa duração de "Os Suspeitos" pulveriza um pouco seus efeitos ao criar excesso de situações, mesmo com a narrativa se concentrando no período de uma semana. O desespero dos personagens e da situação é forte o bastante. Por isso, em alguns momentos, a narrativa pediria por um pouco mais de sutileza.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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