Mickey Rourke - ele é bom, mas não o melhor
Você já deve ter ouvido falar tanto da volta por cima do ex-galã hollywoodiano Mickey Rourke, 56, pela sua excepcional e visceral performance como o lutador decadente de telecatch Randy "Carneiro" Robinson, no longa O Lutador, que também já deve estar se cansando dessa música em uníssono.
Tá, o filme do diretor Darren Aronofsky - massacrado pelo crítica por seu filme cabeçudo Fonte da Vida (2006) e mais conhecido como o marido feinho da maravilhosa Rachel Weisz - e pelo qual Rourke concorre ao Oscar de Melhor Ator é sim, muito bom. Mas como obra inteira e completa e não pelo talento isolado de um dos integrantes de seu elenco. E mesmo bom, não é nada para "se morrer por". Nem mesmo a volta por cima de Rourke se dá como se está falando.
Rourke faz ele mesmo no longa, já que, antes de ser ator, foi lutador de boxe. Conta-se, em publicações e sites especializados na história do cinema, que ele começou a atuar para, por recomendação médica, dar um tempo nas performances violentas às quais um praticante do esporte está fadado. Ele só voltou a subir no ringue depois que sua carreira como galã, fundamentada principalmente no papel do libidinoso John, do polêmico e inesquecível 9 e Meia Semanas de Amor (1986), chegou ao auge - sabe-se lá porque ele fez isso, já que voltar a ser esmurrado (por gosto e paixão) deformou de tal maneira seu belo e desejado rosto, que quase o deixou irreconhecível.
E a volta por cima, depois que ele fez o cult (palavra idolatrada por críticos do mundo todo) Sin City - A Cidade do Pecado (2005), pode parecer um argumento um tanto forçado. Até porque Rourke ficou, no máximo, dois anos sem atuar.
Ok. Ele faz bem ele mesmo em O Lutador. Mas parece que os palpiteiros do Oscar só têm olhos para seu ofegante Randy "Carneiro" e ninguém vê, por exemplo, a excepcional performance de Sean Penn como o ativista gay Harvey Milk, em Milk - A Voz da Igualdade. Até mesmo a escolha do belo moço Brad Pitt - por O Curioso Caso de Benjamin Button - ao páreo desta corrida para a estatueta do careca dourado é justa.
Mas parece um jogo de cartas marcadas. Tomara que essa percepção esteja furada.