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Diretor do filme 'Ajami' se recusa a "representar Israel"

7 mar 2010 - 15h20
(atualizado às 17h07)
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O coprodutor árabe do filme israelense Ajami, indicado ao Oscar, desencadeou uma onda de indignação em Israel ao afirmar que se recusa a se considerar um representante do Estado hebreu durante a cerimônia de entrega do Oscar, que será realizada neste domingo em Hollywood.

"Não sou da equipe israelense e não represento Israel", declarou neste domingo Skandar Copti em uma entrevista concedida à televisão israelense.

"Não posso representar um país que não me representa", insistiu Copti, provocando a revolta da classe política. Seu filme, que foi coproduzido com o diretor judeu Yaron Shani, é candidato ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira.

Skandar Copti é membro da comunidade árabe-israelense que conta com 1,5 milhão de descendentes de palestinos que permaneceram em seus territórios de origem após a criação do Estado hebreu, em 1948. A lei define direitos iguais para judeus e árabes, mas estes se queixam de que as autoridades israelenses discriminam sua comunidade.

Ajami mostra o cotidiano de árabes e judeus no bairro de Jaffa, no sul de Tel-Aviv, divididos por suas orientações religiosas e étnicas, e que o destino mergulha no violento universo da quadrilha local.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Daniel Hershkowitz, do Partido Nacional-Religioso "Lar Judaico", criticou fortemente Copti, acusando o cineasta de se voltar contra Israel, mesmo depois de ter recebido financiamento público israelense para gravar seu filme.

"Ele realizou este filme com recursos do Estado de Israel e vai se cobrir com a bandeira do (movimento palestino) Hamas esta noite", disse, citado pelo site de notícias israelense Ynet.

O ministro da Cultura Limor Livnat lembrou que o diretor deve a sua presença em Hollywood unicamente aos recursos públicos israelenses.

"Sem o apoio financeiro do Estado de Israel, Copti não pisaria neste domingo à noite pelo tapete vermelho", considerou em um comunicado.

Para o cineasta israelense Uri Barabash, membro da Academia de Cinema Israelense e candidato ao Oscar em 1984, as declarações de Scandar Copti podem "alimentar as chamas de uma fogueira antissemita".

Cena de Ajami, indicado ao Oscar
Cena de Ajami, indicado ao Oscar
Foto: Divulgação
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