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Hollywood se diverte ao velho estilo, com o glamour de sempre

9 mar 2010 - 11h02
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Joanne Ostrow

O programa de entrega dos prêmios Oscar, domingo, optou pela jogada segura, com números musicais sofisticados à moda tradicional, um estilo cômico conservador e glamour com um toque retrô.

Steve Martin e Alec Baldwin animaram a cerimônia do Oscar
Steve Martin e Alec Baldwin animaram a cerimônia do Oscar
Foto: Getty Images

O sucesso na transmissão da 82ª cerimônia anual de entrega dos prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood se deveu ao fato de que o programa não tentou inovar.

Deixando de lado qualquer esforço de satisfazer as vanguardas, a transmissão histórica deste ano se manteve fiel ao glamour tradicional de Hollywood. Nada de cinismo pós-moderno: a escolha foi polidez à moda antiga. A orquestra chegou a acompanhar os vencedores, em sua saída do palco, com a canção Thanks for the Memories.

Neil Patrick Harris deu início às festividades com No One Wants to do it Alone, um número repleto de eufemismos.

Ele apresentou "o maior par desde Dolly Parton" (uma piada que poderia ter sido feita por Bob Hope). Os apresentadores Steve Martin e Alec Baldwin desceram das alturas ao palco do Kodak Theatre e deram início ao programa com provocações simpáticas aos presentes. Entre os alvos estavam a popularidade de George Clooney, as muitas indicações de Meryl Streep ao Oscar e o poderio de James Cameron nas bilheterias.

O cenário, brilhante e cristalino, era a um só tempo suntuoso e simples. A música incidental levava jeito de Mel Tormé. O ritmo foi lento, e a maior parte dos prêmios importantes só terminou apresentada já depois dos 90 minutos de programa.

Por fim, Mo'Nique, ganhadora do prêmio como melhor atriz coadjuvante, subiu ao palco para agradecer à Academia por ter demonstrado que "o desempenho importa mais que a política", em uma referência indireta a Hattie MacDaniel, a primeira negra a conquistar um Oscar, em 1940, por seu papel como Mammie em E o Vento Levou.

Baldwin e Martin zombaram de sua, er, durabilidade. "As próximas duas apresentadoras são jovens atrizes que nem fazem ideia de quem somos", ele disseram, para levar ao palco Miley Cyrus e Amanda Seyfried.

A maior noite do ano para o cinema vem sendo pouco auspiciosa para a televisão, nos últimos anos, e os índices de audiência vêm caindo como os participantes eliminados de American Idol. Este ano, uma combinação de circunstâncias pode ter servido para deter a queda.

Primeiro, a economia em péssimo estado vem segurando mais pessoas em casa para assistir aos eventos transmitidos ao vivo (o Super Bowl e a Olimpíada de Inverno apresentaram excelentes audiências este ano); segundo, elevar o número de indicados ao Oscar de melhor filme para 10 permitiu que alguns títulos mais populares estivessem presentes na lista, o que ajuda a atrair os telespectadores que acompanham TV no horário nobre; terceiro, a presença de um filme fácil e altamente lucrativo entre os indicados poderia fazer muito para transformar a cerimônia em um programa de TV muito assistido.

Devemos agradecer a Avatar, vencedor nas bilheterias se não na cerimônia. Mas outro fator que ajudou o programa se sair bem foi a seleção de apresentadores mais jovens, capazes de reter o interesse de uma audiência também mais jovem.

Os mestres de cerimônia talvez tenham sido dois velhos resmungões, mas a presença de astros e estrelas mais jovens apresentando os prêmios mostra a ênfase em juventude dos produtores Bill Mechanic e Adam Shankman, que levaram Zac Efron ao palco, bem como o sedutor trio Anna Kendrick, Kristen Stewart e Taylor Lautner, da série Crepúsculo.

Em 1998, Titanic, de Cameron, venceu o prêmio de melhor filme, e a transmissão teve audiência recorde nos Estados Unidos, com 55 milhões de pessoas. Na transmissão do Oscar do ano passado, para o qual não havia favoritos populares ao prêmio de melhor filme, Hugh Jackman apresentou um programa que conquistou apenas 36,3 milhões de telespectadores norte-americanos.

Saberemos na manhã de segunda-feira (8) se o programa deste ano conseguiu superar a marca dos 40 milhões.

The New York Times
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