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Brinquedos de 'Toy Story 3' atingem maturidade em filme genial

8 fev 2011 - 17h00
(atualizado em 25/2/2011 às 19h57)
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Carol Almeida

Foram muitos anos de aventuras no Velho Oeste, missões espaciais, resgates históricos, batalhas vencidas e sempre, sempre mesmo, finais felizes. Mas eis que, sem que ninguém olhe no relógio, surge ela, a tal da maturidade para acabar com a brincadeira. Os finais felizes nas aventuras imaginadas pela inventiva cabeça de uma criança estão agora encaixotados na memória dos brinquedos com os quais não se brinca mais. Porque eles pertencem há uma criança que, como todas as outras, cresceu. Sim, Toy Story 3 é um drama. Porém um drama cheio de ação, aventuras, missões, resgates, batalhas e finais. De fazer rir bastante e chorar mais ainda.

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Indicado ao Oscar este ano tanto por Melhor Filme, Roteiro Adaptado e Animação - nesta última categoria ele é favorito absoluto -, o terceiro filme fez os mais reticentes se curvarem ao seu roteiro. A saga com o xerife destemido, o astronauta super-herói, o paranoico tiranossauro rex, o casal de cabeça de batatas, o cachorro elástico, entre outros tantos notáveis brinquedos do ex-menino e atual adolescente Andy, abre os sentimentos que deixamos empoeirar em nossos longínquos álbuns de fotografia nos tempos dos primeiros aniversários.

E pelo mérito de conquistar adultos nessa viagem aos nossos valores sociais mais nobres, de embarcar crianças em inesquecíveis piadas e ganhar todos com a mais primitiva origem da brincadeira, não é exagerar dizer que o terceiro filme Toy Story é desde já um clássico não apenas do cinema de animação, mas de qualquer gênero do bom cinema e das boas histórias muito bem contadas.

Nos encontramos agora 15 anos depois do primeiro título, aquele que em 1995 quebrou um paradigma do cinema de animação, criando pela primeira vez em um longa-metragem inteiramente montado via computação gráfica 3D. E se naquela época Woody, Buzz Lightyear e toda a turma nos impressionavam por sua plasticidade, eles agora nos assustam, de um jeito bom de se assustar, por sua humanidade.

Pronto para se mudar para a faculdade, Andy precisa empacotar suas tralhas, limpar o quarto e se desfazer de seus ex-brinquedos favoritos. Desesperados com a possibilidade de serem deixados pra trás, esses brinquedos ainda tentam apelar para a memória afetiva do dono que decide, por fim, deixá-los todos guardados no sótão da casa. Todos, claro, à exceção de Woody, seu boneco favorito, que iria com ele para a faculdade.

Dessa segregação surge o primeiro e mais importante conflito do filme. Aqueles brinquedos foram brincados juntos e, mais do que separar Woody de Andy, nos parece inconcebível ver Woody sem Buzz ou Jessie ou o Sr. Cabeça de Batata. Como diria a música, é "futebol sem bola, Piu-piu sem Frajola", simplesmente não funciona em nossa cabeça.

Líder nato, Woody defende Andy, ainda que não queira se distanciar de seus amigos. Nesse impasse, um pequeno desentendimento leva os brinquedos a acreditarem que serão jogados no lixo e eis que uma série de eventos inesperados terminam levando todos eles, incluindo Woody, a um lugar chamado Sunnyside, um tipo de creche para várias crianças, das mais comportadas às mais hiperativas.

Sunnydale, descobre-se pouco depois, é na verdade um território separado por um estranho apartheid entre brinquedos mais fortes e antigos e os "novatos". A estratificação social, a noção de poder e o controle de um sobre muitos são conceitos sutilmente cutucados em uma trama que sabe fazer da piada um assunto sério: afinal de contas, como imaginar que um ursinho de pelúcia com cheiro de morango e uma boneca de bebê possam ser temerosos vilões com uma genial iluminação de filme de terror?

Com personagens propensos a refletirem essa nossa esquizofrenia social, o diretor Lee Unkrich e toda a equipe da Pixar se empenham em criar paródias de nossos erros mais individuais e nossos acertos mais coletivos. Exemplo maior disso é a engraçadíssima dinâmica entre Barbie, já anteriormente presente na saga, e Ken, novo personagem. Por "natureza" extremamente vaidosos com todos aqueles guarda-roupas temáticos, eles curiosamente se entendem em sua obsessão pela imagem. Provando que a vaidade, muitas vezes, só funciona quando o espelho são os outros.

Agora fora da caixa, porém ainda presos a um regime fascista de brinquedos amargurados, nossos heróis vão passar por situações tão hilárias - Buzz Lightyear em modo hispânico podia render um filme à parte - quanto dramáticas - a cena em que os bonecos correm o risco de serem incinerados é possivelmente um dos momentos mais tensos e emocionantes do cinema em 2010.

União, amizade, solidariedade e despedidas. A maturidade de Toy Story 3 está em entender que a brincadeira, mais do que um escapismo infantil, é o caminho mais curto entre nossa identidade singular e nossa convivência plural. Porque quando os brinquedos se dão as mãos, entendemos que o importante é estar sempre junto, ao infinito e além.

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Foto: Divulgação
Fonte: Terra
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