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Michelle Williams concorre a Oscar com filme de amor e lágrimas

18 fev 2011 - 11h48
(atualizado em 22/2/2011 às 10h51)
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Carol Almeida

Em mais uma dessas decisões guiadas por tendências de mercado (leia-se: achar palavras de fácil apelo comercial), Blue Valentine foi traduzido no Brasil como Namorados para Sempre. E de repente um título independente sobre um casal cuja intimidade nos estapeia de vida real vira uma comédia romântica que você pode assistir logo antes de cair na balada. Portanto, aviso aos navegantes que andam sem bote salva-vidas: Namorados para Sempre não é um filme do tipo sucrilhos matinal, como seu título se vende. Estamos falando de algo mais próximo a uma indigesta carne dura, sem sangue, mas com suor e muitas lágrimas.

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O filme dirigido por Derek Cianfrance, em seu primeiro longa de ficção a alcançar as salas comerciais de cinema, é uma das boas - mas talvez um tanto superestimada - surpresas dessa última temporada de filmes independentes americanos. A lembrar que, no Brasil, o título só tem previsão de estrear em junho deste ano. Michelle Williams, que concorre ao Oscar de Melhor Atriz por este filme, parece se sentir cada vez mais a vontade em papéis que a transformam nessa moça suburbana a aprender que toda caixa de chocolate, um dia, sai da validade. Em outras palavras, as personagens de Michelle Williams têm predisposição para sofrer depois de perderem sua sacra ingenuidade. Foi assim com Brokeback Mountain e com o pouco visto, mas bastante elogiado, Wendy and Lucy. Agora, Williams entra em cena não mais tão bobinha, mas ainda assim crédula em um mundo onde sua ascensão social é sua ascensão afetiva. No papel de Cindy, a conhecemos como uma jovem sem grandes aspirações românticas, contexto este descrito por uma entediante cena de sexo entre ela e um rapaz que a penetra por trás como quem bate o ponto em fim de jornada de trabalho.

De antemão, graças a uma edição não-linear que mostra trechos do começo, meio e fim dessa história sem ordem cronológica, sabemos que o drama de Cindy não diz respeito a esse rapaz do, digamos, coito anal. Porque na outra ponta dessa história de amor sem câmera lenta ou maquiagens, temos o ator Ryan Gosling, cuja interpretação na maior parte das vezes toma conta de tudo que o espectador alcança na tela. O que nos deixa a pensar se ele, talvez mais do que ela, merecia neste momento uma indicação ao Oscar.

Ryan é Dean, um cara igualmente suburbano que arruma um trabalho de entregador de mercadorias. Em uma de suas entregas, esbarra em Cindy, por quem ele imediatamente se interessa. Dean é um sujeito simpático e o riso de olhos tristes de Gosling dá a ele um jeito de menino para quem não se nega um doce. Vemos Cindy e Dean interagindo em dois momentos: nos primeiros meses de descobertas no além mar do coração e já na fase Tratado de Tordesilhas, quando o casal se vê obrigado a demarcar limites, com o bônus dramático de haver uma filha no meio dessa história.

Namorados para Sempre se vende, nessas duas etapas da relação, como um filme sem medo da intimidade, com todos os benefícios e malefícios que surgem de sua conquista. Existe toda a história de que o diretor fez com que os dois atores convivessem por vários dias para que eles adquirissem a confiança e cumplicidade necessárias a um roteiro cuja câmera nunca se afasta muito de seus protagonistas.

Entretanto, ainda que pareça genuíno em todas as suas idéias acerca desse desgaste da intimidade e, portanto, do amor, o filme de Cianfrance sofre de um desgaste que, na verdade, lhe é externo. Classificado como um título "indie", esse roteiro termina nos parecendo, em alguns momentos, soando pronto e encomendado demais para aquela fatia de público disposta a criar "mixtapes" temáticas em nome de um amor que já foi, que está, ou que ainda há de vir. Há momentos do filme que dá pra recortar e colar na geladeira - a se falar na famosa cena em que Dean canta "engraçado", enquanto Cindy dança desajeitamente diante de um vitrine apagada. Fica a sensação é de que o filme poderia ser muito maior do que sua alcunha de "indie". Mas é difícil não ceder ao charme do gênero.

Michelle Williams e Ryan Gosling em cena de 'Namorados Para Sempre'
Michelle Williams e Ryan Gosling em cena de 'Namorados Para Sempre'
Foto: Divulgação
Fonte: Terra
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