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Histórias reais marcam disputa por prêmio de Melhor Filme

24 fev 2011 - 15h37
(atualizado às 18h36)
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As produções baseadas em histórias reais são alguns dos grandes destaques da 83ª edição do Oscar, que tem como favoritos ao prêmio de Melhor Filme O Discurso do Rei e A Rede Social.

O Discurso do Rei: A hora do rei

Em 2006, A Rainha, que tinha como personagem principal a Rainha Elizabeth II, ganhou em apenas uma das seis categorias a que estava indicado - a de Melhor Atriz, com Helen Mirren. Agora, é a vez de Colin Firth levar o Oscar de Melhor Ator pela sua interpretação do Rei George VI, em O Discurso do Rei.

Baseado em fatos reais, o longa, que conta a luta de George para superar sua gagueira antes de se tornar rei, recebeu 12 indicações e passou a ser apontado como grande favorito ao Oscar de Melhor Filme após se consagrar na entrega dos prêmios Bafta. Com menos publicidade que seu principal rival na disputa, A Rede Social, O Discurso do Rei foi ganhando a atenção dos críticos e do público durante o último mês, até se tornar um dos dez primeiros colocados em bilheteria nos Estados Unidos. Dirigido por Tom Hooper, o filme conta com Colin Firth e Helena Bonham Carter como protagonistas.

Bravura Indômita: O triunfo dos irmãos Coen

Esnobado pelo Globo de Ouro, Bravura Indômita entra forte na disputa do Oscar com dez indicações. O número confirma o bom resultado do último filme dos irmãos Coen nas bilheterias. Somente nos Estados Unidos, o longa arrecadou mais de US$ 160 milhões. A quantia é bem superior à obtida no país por Onde os Fracos não Têm Vez, de 2007, que, apesar de seus quatro Oscars, arrecadou apenas US$ 74 milhões.

Os ingredientes desse sucesso são velhos conhecidos, como a história homônima de Charles Portis na qual se baseia o filme. Em 1968, Bravura Indômita teve sua primeira adaptação cinematográfica, com John Wayne. Os Coen rejeitaram fazer um remake e retornaram às páginas do livro de Portis para montar sua própria versão do western no qual uma jovem com sede de vingança contrata dois pistoleiros para buscar o assassino de seu pai. Três estrelas consagradas, Jeff Bridges, Matt Damon e Josh Brolin, além de uma das revelações do ano, a jovem de 14 anos Hailee Steinfeld, estrelam o longa.

A Origem: A cota de ação

Quando a Academia decidiu ampliar de cinco para dez o número de indicados na categoria de Melhor Filme, o fez pensando em filmes como A Origem - superproduções de ação populares nos cinemas e com elenco estelar que tradicionalmente eram eclipsadas no Oscar por filmes independentes desconhecidos pela audiência.

O caso de Batman - O Cavaleiro das Trevas, de 2008, segunda parte da saga de Batman dirigida por Christopher Nolan, ilustrou, em 2009, esta dívida da organização do prêmio para com o grande público. O filme obteve oito indicações naquele ano, embora tenha sido ignorado na categoria de Melhor Filme, o que fez com que aumentassem as críticas sobre os critérios da Academia.

A Origem, também de Nolan e também com oito candidaturas, concorre à estatueta mais importante do Oscar, embora sem dar a sensação de ter possibilidades de vitória. A história deste filme, protagonizado por Leonardo DiCaprio, Marion Cotillard, Ellen Page, Michael Caine e Ken Watanabe, gira em torno de uma equipe de espiões que, graças a uma avançada tecnologia, invade a mente de suas vítimas com a intenção de extrair informações secretas. O longa se destaca por seus aspectos técnicos, e é aí onde tem mais chances de ficar com alguma estatueta, especialmente nas categorias de Efeitos Especiais e Som.

A Rede Social: Um cartucho usado antes do tempo?

Se a entrega do Oscar tivesse sido realizada antes do Natal, é muito provável que A Rede Social ficaria com a estatueta de Melhor Filme. Essa é a opinião de alguns críticos em Hollywood que consideram que este longa queimou seu cartucho antes do tempo ideal.

O certo é que o filme sobre a criação do Facebook dedicou-se no último trimestre de 2010 a ganhar prêmios da crítica norte-americana, que não se cansou de louvar o trabalho do diretor David Fincher, do roteirista Aaron Sorkin e do elenco liderado por Jesse Eisenberg. A maior demonstração de força de A Rede Social antes da entrega do Oscar ocorreu na entrega dos Globos de Ouro, cerimônia realizada em 16 de janeiro, na qual se impôs ao seu principal concorrente, O Discurso do Rei.

Desde então, o filme foi perdendo força, assim como a promoção feita pelos estúdios Sony, e a imprensa parece não ter tanta certeza de que o Facebook se consagrará no Oscar. O longa é uma adaptação de The Acidental Billionaires, livro publicado por Ben Mezrich que conta a história do fundador da rede social, Mark Zuckerberg, e os desafios e traições que contribuíram para o nascimento do Facebook.

O Vencedor: O peso da interpretação

Filme de superação pessoal ao redor do boxe, ideia similar à da saga Rocky, O Vencedor é um relato sobre o pugilista Micky Ward, apelidado "Irish", e seus esforços nos ringues para ter uma vida melhor.

A produção foi realizada com acerto por David O. Russell, que soube tirar o máximo de seus protagonistas, Mark Wahlberg, Christian Bale, Melissa Leo e Amy Adams, os três últimos indicados ao Oscar como coadjuvantes. O Vencedor recebeu sete indicações ao Oscar, entre elas a de Melhor Direção, mas ficou ausente nas categorias de interpretações de atores principais, o que pode comprometer as chances do filme na disputa pela estatueta de Melhor Filme.

127 Horas: Um risco que valeu a pena

Apesar de suas apostas arriscadas, Danny Boyle soube agradar à exigente Academia de Hollywood com seus filmes nada convencionais. Após Trainspotting e Quem Quer Ser um Milionário?, o diretor agora lança suas fichas em 127 Horas, produção baseada em fatos reais e na qual todo o peso narrativo cai sobre os ombros de James Franco, praticamente o único em cena nos 94 minutos do longa.

O filme segue os passos do alpinista Aron Ralston, que, durante uma escalada nos cânions de Utah, sofre um acidente e fica preso em uma fenda por uma pedra que caiu sobre seu braço direito. A luta de Ralston para sobreviver dita o ritmo de um filme que recebeu seis indicações ao Oscar.

Cisne Negro: Uma pirueta do Oscar

O mais obscuro dos dez indicados a Melhor Filme na 83ª edição do Oscar é, sem dúvida, Cisne Negro. Uma viagem aos bastidores mais turvos e esquizofrênicos do mundo da dança, nos quais virtuosismo e ego se misturam de forma explosiva ao estilo narrativo do diretor Darren Aronofsky.

O filme, que concorre a cinco estatuetas, foi uma oportunidade artística para sua protagonista, Natalie Portman - considerada a grande favorita ao Oscar de Melhor Atriz por ter ganhado os prêmios mais importantes concedidos em Hollywood às produções de 2010.

Ao contrário de seus principais rivais, Cisne Negro fez seu nome antes de estrear nos cinemas por meio de um longo percurso por festivais europeus e americanos até entrar oficialmente em cartaz em dezembro nos Estados Unidos, já apontado como favorito na categoria de Melhor Filme do Oscar. Este status coloca o longa em corrida direta pela estatueta com A Rede Social e O Discurso do Rei.

Toy Stoty 3: Homenagem a uma saga

Novamente os estúdios Disney/Pixar colocam uma de suas produções entre os títulos escolhidos para disputar o Oscar de Melhor Filme, o que já ocorreu com Up, em 2010, e se repete agora com Toy Story 3. A presença deste filme entre os dez indicados se explica, além de sua qualidade, pela ampliação do número de candidatos, algo parecido com o que ocorre com A Origem. Se há algum Oscar considerado "certo" na cerimônia do dia 27 de fevereiro este é o de Melhor Animação, que, com quase toda certeza, será entregue a Toy Story 3.

A produção fecha a trilogia que deu início a uma nova forma de se fazer filmes de desenhos e que, por mais estranho que pareça, não conta com uma estatueta de animação em seu histórico. Isso porque, quando Toy Story e Toy Story 2 estrearam, respectivamente em 1995 e 1999, a categoria ainda não havia sido criada. Toy Story 3, portanto, poderá levar uma recompensa em nome de toda a saga sobre as aventuras de um grupo de brinquedos.

Fora isso, Toy Story 3 parece fora da concorrência pelo título de Melhor Filme, embora não lhe faltem admiradores que peçam na internet a máxima honraria ao filme, que também recebeu outras quatro indicações.

Minhas Mães e Meu Pai: A indicação à tolerância

A tolerância às famílias formadas por pessoas do mesmo sexo é o discurso subjacente na comédia Minhas Mães e Meu Pai, escrita e dirigida por Lisa Cholodenko e protagonizada por Annette Bening, Julianne Moore e Mark Ruffalo.

O longa circulou por inúmeros festivais e conseguiu transcender sua temática em torno da homossexualidade para conquistar plateias mais heterogêneas graças, sobretudo, a um relato bem traçado por Cholodenko e à interpretação de seu elenco. De fato, Bening parece a única indicada capaz de tirar de Portman o Oscar de Melhor Atriz. Minhas Mães e Meu Pai recebeu quatro indicações: Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante (Ruffalo) e Melhor Roteiro Original.

Inverno da Alma: A produção independente

O drama Inverno da Alma é o exemplo de filme independente que, devido às boas críticas, conseguiu chamar a atenção dos membros da Academia de Hollywood e chegar à temporada de prêmios entre os mais cotados.

Com roteiro adaptado e direção de Debra Granik e um elenco pouco conhecido - liderado por Jennifer Lawrence, que estreou no cinema em 2008 com Garden Party -, o longa recebeu quatro indicações ao Oscar. Baseado na obra homônima de Daniel Woodrell, o filme conta a história de uma jovem adolescente que corre o risco de perder a casa em que mora com os irmãos mais novos e sai em busca de seu pai desaparecido.

Produzido por Anne Rosellini e Alix Madigan-Yorkin, o drama triunfou nos prêmios Gotham em novembro, após começar 2010 ganhando o Grande Prêmio do Júri do Festival de Sundance. Além disso, ele é o principal favorito para os Spirit (premiação do cinema independente), que serão entregues em Los Angeles no sábado (26), um dia antes do Oscar.

Natalie Portman é a favorita para levar o Oscar de Melhor Atriz
Natalie Portman é a favorita para levar o Oscar de Melhor Atriz
Foto: Getty Images
EFE   
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