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O Globo de Ouro ainda é realmente uma prévia do Oscar?

22 jan 2012 - 23h21
(atualizado em 23/1/2012 às 12h16)
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Com apenas quatro acertos nos últimos dez anos, o Globo de Ouro vem perdendo sua condição de "antessala do Oscar" e, a poucos dias do anúncio das indicações aos prêmios da Academia de Hollywood, não é garantido que The Artist e Os Descendentes sejam destaque.

Nas últimas duas edições, a Academia passou longe das decisões da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, que entrega o Globo de Ouro. Trocou Avatar por Guerra Ao Terror, em 2009, e A Rede Social por O Discurso do Rei, em 2010.

Nem com a desculpa da dupla categoria - drama e comédia - chegaram a acertar quem seria o grande ganhador do Oscar, circunstância que foi particularmente "grave" em 2005, quando Crash - no Limite conseguiu apenas uma indicação ao Globo de Ouro - ator coadjuvante, para Matt Dillon - e concorreu ao Oscar de melhor filme, desbancando O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee.

Um descuido tão grande não acontecia desde 1973, quando Golpe de Mestre ganhou sete Oscars após ter recebido apenas um Globo de Ouro, o de melhor roteiro, enquanto O Exoscista levou quatro prêmios.

Carruagens de Fogo, ganhador surpresa no Oscar de 1981, ganhou sim o Globo de Ouro de melhor filme, mas estrangeiro.

Em 2012, tanto o ganhador do Globo de Ouro de melhor comédia (The Artist, de Michel Hazanavizius), como seu colega na categoria de drama (Os Descendentes, de Alexander Payne) parecem candidatos fortes para o Oscar.

Mas talvez a Academia se rebele contra um filme francês, no primeiro caso, ou perante um tom mais "indie", no segundo, e siga rendendo homenagens a Scorsese, com Hugo, às boas intenções de Histórias Cruzadas ou inclusive resgate A Árvore da Vida, de Terrence Malick, e O Espião que Sabia Demais, de Tomas Alfredson.

Dando uma olhada na história recente do Globo de Ouro, seu índice de confiabilidade é mais que relativo. Nos últimos dez anos, só Quem Quer Ser um Milionário?, O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, Chicago e Uma Mente Brilhante ganharam ambos os prêmios.

Mas Desejo e Reparação foi batido por Onde os Fracos Não Têm Vez em 2007, dos irmãos Coen, que por sua vez no ano passado, com Bravura Indômita, passaram de nenhuma candidatura no Globo de Ouro a dez no Oscar, apesar de não levarem nenhum prêmio.

E Babel, em 2006, perdeu para Os Infiltrados, de Scorsese, que tinha ganhado o Globo de Ouro no ano anterior com O Aviador, mas que no Oscar caiu perante Menina de Ouro, de Clint Eastwood.

A taxa de acertos é mais que baixa. Entre 1983 e 2002, o Globo de Ouro errou em seus prognósticos só em três ocasiões: em 1991, quando deram o prêmio a Bugsy e o vencedor acabou sendo O Silêncio dos Inocentes; em 1992, quando apostaram por Perfume de Mulher e acabou ganhando Os Imperdoáveis; e em 1995, quando Razão e Sensibilidade perdeu para Coração Valente.

Em geral, o Globo de Ouro, criado em 1943, tem gostos mais estáveis e menos arriscados que a conservadora Academia de Hollywood que, por outro lado, desde sua criação em 1927, tem oscilado mais em seus premiados.

Assim, o Globo de Ouro começou a diferir em relação ao Oscar em 1948, quando pela primeira vez o ganhador foi um filme britânico, Hamlet, de Laurence Olivier, deixando de fora Belinda e O Tesouro de Terra Madre, produzidos em Hollywood.

Quando o Oscar se rendeu em 1955 a Marty, do diretor de televisão Delbert Mann, o Globo de Ouro apostou no cineasta Elia Kazan, que adaptou o romance Vidas Amargas.

E nem sequer se atreveram a premiar uma sequência, embora tivesse a qualidade de O Poderoso Chefão: Parte II, para dar prioridade a Chinatown, de Roman Polanski.

EFE   
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