80º Oscar

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80º Oscar

Sábado, 23 de fevereiro de 2008, 12h45 Atualizada às 14h51

No auge, Cate Blanchett volta a disputar Oscar como Elizabeth



Cate Blanchett, 38 anos, dona de um Oscar (atriz coadjuvante, O Aviador), disputa duas estatuetas nesta edição da festa mais importante da indústria do cinema: na categoria de melhor atriz, por sua interpretação em Elizabeth: A Era de Ouro, e na de atriz coadjuvante, por sua caracterização de Bob Dylan em Não Estou Lá.

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Em Elizabeth: A Era de Ouro, de Shekhar Kapur, Blanchett interpreta a rainha durante o apogeu de seu reinado, dez anos após ter dado vida ao mesmo personagem histórico em Elizabeth, filme que a lançou ao estrelato.

Desde então, a atriz australiana construiu uma carreira sólida e com muitos sucessos, e, assim como Elizabeth I, a quem volta a interpretar, vive sua fase dourada.

A Era de Ouro segue o argumento clássico da luta entre o poder e o amor, e, embora tenha falhas, oferece a Blanchett a oportunidade de brilhar.

Este ano, a atriz conseguiu várias com suas indicações, começando por estar concorrendo a duas estatuetas na mesma edição, algo que só ocorreu 11 vezes nos 80 anos de história da premiação.

Além disso, ela é a primeira mulher a ser indicada por interpretar duas vezes o mesmo personagem e a segunda atriz a disputar um prêmio da Academia por fazer o papel de um homem (em Não Estou Lá). Se vencer nas duas categorias, Blanchett será a primeira pessoa a alcançar esta proeza na história do Oscar.

Julie Christie
A atriz Julie Christie concorre a seu segundo Oscar por seu papel em Longe Dela, no qual interpreta uma mulher que sofre do mal de Alzheimer.

Sua primeira estatueta foi conquistada por Darling - A que Amou Demais, de 1965, quando era musa do Swinging London. Hoje, Christie é um mito, uma dessas figuras elegantes e carismáticas que dão charme à cerimônia do Oscar.

Antes de sua indicação, a intérprete afirmou numa entrevista ao jornal Daily Express que não queria "nem pensar" em ser indicada e em ter de ir a Hollywood.

"Faz-me ficar com uma profunda ansiedade. É como ter que ir a Marte e fingir ser um marciano", disse.

Mas, desde que Longe Dela estreou no Festival de Sundance, os produtores e distribuidores do filme, a estréia na direção de Sarah Polley, amiga de Christie, viram que a interpretação da atriz principal era uma das que podia concorrer ao Oscar.

Embora viva uma espécie de semi-aposentadoria há 30 anos, de tempos em tempos Christie volta ao cinema para presentear seus fãs com alguma obra-prima.

Deste vez, segundo o Los Angeles Times, ela "ofereceu uma das interpretações mais profundas de sua carreira". Outros críticos, por sua vez, elogiaram a brilhante sutileza com que a atriz interpreta um personagem que passa da lucidez ao esquecimento e vice-versa.

Christie, 66 anos, também chamou a atenção no filme por sua beleza natural e serena, que contrasta com os rostos operados de algumas de suas colegas na mesma idade.

Por tudo isto, ela é uma das favoritas ao Oscar, embora no Bafta a vencedora tenha sido a francesa Marion Cotillard, que também está na disputa por seu papel em Piaf - Um Hino ao Amor.

Já no Globo de Ouro, prévia do principal prêmio da indústria cinematográfica, Christie levou a estatueta de melhor atriz dramática, e Cotillard, a de melhor intérprete em comédia e filme musical. A diferença é que, no Oscar, não existe esta distinção por gêneros.

Laura Linney
Laura Linney é a candidata ao Oscar que menos chama a atenção em meio às adversárias Cate Blanchett, Julie Christie, Marion Cotillard e Ellen Page, esta última uma encantadora e jovem promessa.

Mas Linney, uma atriz de formação clássica e longa experiência teatral, assegurou sua indicação - a terceira de uma longa carreira - com uma impecável atuação em "A Família Savage", longa que se garante inteiramente na força do roteiro e no talento dos atores.

Recentemente, o jornal The New York Times descreveu a produção - que conta a história de dois irmãos que enfrentam a decadência de seu pai idoso - como uma "tragicomédia esplendidamente matizada" e sustentada por dois atores que parecem "mergulhar no filme" junto com sua diretora.

A maioria dos críticos concordou em apontar que a cineasta Tamara Jenkins não poderia ter encontrado melhores intérpretes que Linney e Philip Seymour Hoffman - que faz o papel do irmão - para seu filme, e em que ambos estão entre os melhores atores de sua geração.

Definitivamente, a arte dramática é algo com o que Linney, 44 anos, está habituada. Seu pai, Romulus Linney, era um famoso dramaturgo; aos 12 anos, ela já fazia teatro; e, mais tarde, se formou na prestigiosa escola Juilliard de Nova York.

Durante anos, a atriz se dedicou apenas ao teatro, sendo indicada duas vezes aos prêmios Tony. Além disso, atuou na TV e no cinema, onde sua carreira decolou há dez anos, depois de participar de O Show de Truman - O Show da Vida.

Atualmente, Linney prepara um novo projeto teatral e tenta encarar sua indicação ao Oscar com serenidade.

Em uma entrevista ao site especializado Rotten Tomatoes, ela disse que, por já ter sido indicada, sabe que o Oscar é uma experiência divertida, emocionante, mas que, "embora não tenha que ser subvalorizada, também não precisa ser levada muito a sério".

Ao mesmo veículo, ela declarou que, um Oscar muda completamente a vida de algumas pessoas e, às vezes, pode impulsionar uma carreira, mas em outras pode interromper bruscamente uma evolução.

Marion Cottillard
Marion Cottillard, que encarna ninguém menos que Edith Piaf em Piaf - Um Hino ao Amor, de Olivier Dahan, é aparentemente a que está mais em desvantagem nesta edição do Oscar, já que protagoniza um filme que não é falado em inglês, mas em francês.

Na premiação máxima do cinema mundial, produções em língua não inglesa têm sua própria categoria, e raramente uma protagonista de um longa deste tipo é indicada ao prêmio de melhor atriz.

Em 1999, Fernanda Montenegro, por Central do Brasil, conseguiu essa proeza, mas não levou a estatueta para casa. Em 80 anos, só uma atriz recebeu um Oscar por sua interpretação em um filme que não era em inglês: Sophia Loren, em Duas Mulheres de Vittorio de Sica (1960).

A maioria das atrizes não americanas que ganharam um Oscar atuou em um filme americano, e quase todas as "estrangeiras" que receberam uma estatueta são britânicas (oito) ou de algum país anglófono, como o Canadá (3), a África do Sul (1) e a Austrália (1).

Fora isso, entre as atrizes "gringas" premiadas com um Oscar há uma belga e uma sueca que estavam bem adaptadas em Hollywood - Audrey Hepburn e Ingrid Bergman - , além de duas italianas, uma francesa e uma alemã que atuavam na meca do cinema apenas esporadicamente.

No entanto, Marion Cottillard chega bem preparada à disputa deste ano, pois foi incensada em sua interpretação de Edith Piaf, que em seu país é o mito por excelência da canção francesa.

Quando Piaf - Um Hino ao Amor foi lançado, o jornal Le Nouvel Observateur escreveu: "Temos que guardar nossos receios. Dahan triunfou além de tudo o que se poderia esperar (...) e a composição da atriz é deslumbrante".

Já a revista eletrônica 4film disse que a interpretação de Cottillard era "real como a própria vida".

Ellen Page
Ellen Page entrou, aos 20 anos (ela completou 21 há poucos dias), no rol das indicadas a melhor atriz graças à interpretação de uma adolescente grávida em Juno, filme independente de Jason Reitman que seduziu o público e a crítica com o seu frescor.

A produção, que também disputa as estatuetas de melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro original, é a grande surpresa deste ano.

Mas nem todos os críticos acham que o longa tem força suficiente para ganhar um Oscar. Alguns falaram do preciosismo dos diálogos e da abordagem excessivamente tranqüila do problema da gravidez indesejada. Mas todos coincidem em elogiar o trabalho de Page.

"O melhor de Juno é ver a heroína crescer", escreveu o Boston Globe após a estréia do filme, comparando a interpretação da jovem atriz na história de amadurecimento à de Dustin Hoffman em A Primeira Noite de um Homem.

No histórico da premiação, Jodie Foster, que foi indicada a um Oscar por seu trabalho em Taxi Driver quando tinha apenas 14 anos, é a única dos mais de 15 indicados quando ainda eram crianças ou adolescentes que conseguiu fazer uma carreira sólida.

Page pode seguir os passos da colega de profissão, primeiro porque, embora interprete uma adolescente de 16 anos, já tem 21 anos e uma longa carreira nas costas, iniciada na televisão, quando tinha 10 anos.

A atriz canadense já interpretou papéis com várias características. Em Menina Má, filme sobre abuso sexual, ela deu vida a uma personagem aterrorizante, muito diferente da de Juno.

Na pré-temporada de prêmios, Page disse que é "estranho e um pouco surreal" ter conseguido uma indicação ao Oscar com apenas 20 anos. "Faz-me pensar que pareço estar indo bem e que talvez possa fazer alguns outros filmes", afirmou.

EFE

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