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"Parece que eu tomei uma surra", diz Marco Ricca sobre exibição

7 out 2009 - 01h59
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Passada a euforia da noite de estreia, o ator, e agora diretor, Marco Ricca, pôde absorver tudo o que lhe aconteceu depois que Cabeça a Prêmio foi mostrado pela primeira vez no Festival do Rio. Pudera. Na última segunda-feira (6), Ricca evitou falar com jornalistas e mal posou para as fotos antes da sessão: queria que tudo estivesse pronto para seu grande momento. Apesar de alguns erros - o filme foi projetado em 85mm e não em 166mm, como na filmagem original -, a recepção foi positiva. E ele finalmente conseguiu comemorar o sucesso com o público, aqueles que realmente importam, nesta terça-feira (7), no Pavilhão do Festival do Rio.

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"Parece que eu tomei uma surra depois de ontem", conta, ressaltando que gostaria que todo mundo assistisse ao filme pela segunda vez, agora no formato original. "A fotografia do José Roberto Eliezel, que é esplendorosa, perdeu um pouco de qualidade na projeção".

Numa análise supérflua, Cabeça a Prêmio conta a história da família Menezes, liderada por Mirão (Fúlvio Stefanini) e seu dependente irmão Abílio (Otávio Müller). Eles são poderosos fazendeiros da região centro-oeste do Brasil e entram em crise quando Eliane (Alice Braga), filha de Mirão, se envolve com o piloto da fazenda, Denis (o astro argentino Daniel Hendler), e foge de casa. Assim, os capangas Brito (Eduardo Moscovis) e Albano (Cássio Gabus Mendes) são enviados para persegui-los.

Cabeça a Prêmio foi orçado em US$ 4,2 milhões, mas poderia ter sido mais caro se não fosse a cooperação das prefeituras e, especialmente, da população dos lugares onde filmaram devido ao empréstimo de locações e equipamentos essenciais. A equipe passou por cidades como Bonito, Corumbá, Campo Grande e Sidrolândia. A fronteira do Paraguai, citada na obra de Marçal Aquino, que dá base para o roteiro, tornou-se a fronteira da Bolívia. Mero detalhe.

"Rodamos 12 mil quilômetros do Mato Grosso do Sul para procurar locações", detalha. "Achamos lugares incríveis que ainda não foram fartamente explorados pelo cinema nacional. Depois do filme, fiquei sabendo que mais diretores estão procurando gravar ali, incluindo aí alguns cineastas internacionais".

No filme, é possível ver a paixão por tais paisagens: Cabeça a Prêmio é recheado de planos abertos feitos para rechear os olhos dos espectadores, mas não só isso. O brilho dos personagens não foi apagado em nenhum momento. O bom roteiro de Felipe Braga, feito em parceria com Aquino, ajudou a dar base para o longa. Ricca conta que o autor esteve presente em todo o processo, mas procurou não interferir muito. "Marçal teria todo o direito de fazer exigências, afinal a obra dele estava lá. Mas o interessante nos seus livros é que eles dão margem para que os personagens sejam mais aprofundados", ressalta. A cooperação do roteirista, no entanto, foi essencial até mesmo no período de produção.

"O Felipe vestiu a alma do filme. Foi muito às locações, pesquisou comigo no processo de produção. Foi um grande parceiro, mesmo na montagem", elogia.

Escolha dos astros

Por ser o trabalho de um diretor estreante, Cabeça a Prêmio poderia ter um infindável número de atores inexperientes - e nem por isso ruins. Mas a rede de contatos de Ricca parece ter ajudado. No lugar desses, escolheu nomes consagrados para para protagonizar sua obra. Um deles, o do uruguaio César Trancoso (O Banheiro do Papa), veio por acaso. "Nos encontramos no aeroporto e o convidei para fazer uma pequena cena e ele topou. Mas quando ele entrou no set fui aumentando sua participação".

Sobre o elenco, Trancoso, que também veio ao Rio para promover o filme, ressaltou que ele só não caiu de pára-quedas na produção porque acompanhava as novelas da Globo de seu país natal - por isso conhecia rostos como Eduardo Moscovis e Cássio Gabus Mendes - e já estava familiarizado com os trabalhos de Alice Braga (Ensaio Sobre a Cegueira) e Daniel Hendler (O Abraço Partido). O ator conta que topou fazer o filme porque quase não tem esse tipo de oportunidade no Uruguai, que produz cerca de quatro longas-metragens por ano, devido à falta de incentivos culturais. "Eu não quero ser uma estrela internacional e sim um ator sólido", disse.

Alice Braga, que agora gasta a maior parte do seu tempo em Los Angeles, onde tenta seguir carreira em Hollywood, foi convidada por e-mail. "Eu disse que estava pensando em fazer um filme ela perguntou 'quando e onde'", relembra Ricca. No entanto, é a mãe da atriz, Ana Braga (O Beijo da Mulher Aranha), que é colocada num pedestal pelo diretor.

"Essa deusa me deu esse presente de voltar a atuar depois de 25 anos", conta. A empolgação com tal participação foi tamanha que Ricca fez questão de explorar um pouco mais seu talento nas telonas. "O personagem era importante no livro, mas ia se apagando".

Cabeça a Prêmio concorre com outras dez produções na mostra Première Brasil, no Festival do Rio. A lista de premiados sai na próxima quinta-feira (8), dia de encerramento do evento.

Cena do filme
Cena do filme
Foto: Divulgação
Fonte: Terra
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