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Premiado em Gramado, "A Coleção Invisível" marca despedida de Walmor Chagas

5 set 2013 - 16h37
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Ficção de estreia do francês radicado na Bahia Bernard Attal, o drama "A Coleção Invisível" produziu-se em torno de uma série de pequenas coincidências envolvendo o ator Walmor Chagas (1930-2013).

Foi a admiração pelo escritor austríaco Stefan Zweig - em que se baseia o roteiro - que permitiu a primeira aproximação entre o ator e o diretor. Walmor já devia ter conhecido cerca de 40 anos antes a locação do filme, Itajuípe (BA), uma vez que apenas uma hepatite de última hora o tinha afastado do elenco de "Os Deuses e os Mortos" (1970), de Ruy Guerra, ali realizado.

E foi justamente "A Coleção Invisível", filmado em 2011, que acabou sendo o último trabalho de Walmor no cinema, pelo qual foi premiado postumamente como melhor ator coadjuvante no Festival de Gramado - em que a obra recebeu dois outros troféus, melhor atriz coadjuvante para Clarisse Abujamra e melhor filme para o júri popular.

O roteiro, de Attal, Sergio Machado (diretor de "Quincas Berro d'Água") e Iziane Mascarenhas, toma algumas liberdades, como trazer para a contemporaneidade uma história originalmente ambientada nos anos 1920. Além disso, adota como cenário de decadência econômica a região cacaueira baiana, ainda exibindo visíveis sinais da passagem da praga "vassoura de bruxa", um assunto que Attal investigou em seu documentário "Os Magníficos" (2010).

"A Coleção Invisível" começa em outro cenário, em ambiente urbano, onde Beto (Vladimir Brichta), pequeno empresário de eventos musicais, sofre a perda de cinco amigos num acidente. Pressionado pela tristeza e as dificuldades econômicas, recebe a informação de que um velho fazendeiro, Samir (Walmor Chagas), amigo de seu falecido pai, que era marchand, guarda uma preciosa coleção de gravuras.

Tentando reinventar-se na profissão paterna, Beto parte para a região cacaueira, onde mora Samir, sendo sistematicamente impedido de vê-lo por sua mulher (Clarisse Abujamra), alegando que ele está doente. A filha dele (Ludmila Rosa) não é de maior ajuda.

Paralelamente à trama central, o filme incorpora personagens curiosos, como o motorista de táxi (Frank Meneses) e um esdrúxulo radialista (Paulo César Pereio), além de crianças locais, que servem de guias para Beto. Essas imagens e pessoas reais enraízam o enredo numa realidade social que tem, igualmente, o poder de consolidar um mergulho de realidade para Beto, um tanto leviano até este momento.

A resolução da história, fiel ao livro original, é desenvolvida com a necessária contenção e sutileza. É aí que o filme realmente cresce, justificando alguns desvios, embora nem tanto alguns tropeços - como a atuação acima do tom de Ludmila Rosa, um tanto agressiva demais em algumas cenas com Brichta, que faz seu primeiro papel dramático no cinema.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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