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Protagonista ingênua leva golpe no suspense nacional "Confia em Mim"

9 abr 2014 - 16h29
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"Confia em Mim" poderia ser uma telenovela - bastariam alguns ajustes, criar histórias pessoais para os coadjuvantes, e, voilá, seis meses no ar. A trama central poderia ser exatamente a mesma, pois se encaixa na estrutura dos folhetins, assim como os personagens. Mas, enfim, fizeram um filme - escrito por Fabio Danesi, com direção de Michel Tikhomiroff (da série de televisão "Julie e os Fantasmas"). E, por durar apenas 90 minutos, a história parece acelerada demais, sem tempo para que as situações amadureçam.

Mari (Fernanda Machado, do primeiro "Tropa de Elite") é uma chef de cozinha de talento, hostilizada pelo dono do restaurante onde trabalha, que sonha em ter um estabelecimento só seu, onde poderá fazer seu gaspacho de melancia sem ter que dar satisfações a ninguém. Chateada com os problemas do trabalho, conhece Caio (Mateus Solano) numa degustação de vinhos.

Pouco tempo depois, estão morando na mesma casa e ele a incentiva a montar um restaurante. Por trabalhar com investimentos, diz que saberá lidar com o dinheiro dela (que, aliás, ela nem tem) para ajudá-la a montar o negócio. Mari pede um empréstimo para a mãe (Clarisse Abujamra), com quem não se dá bem, mas é atendida. Não é nenhum spoiler dizer que a moça vai sofrer um golpe nas mãos de Caio - esse é o mote do filme.

O que seria instigante seria o desenrolar do filme a partir desse conflito. Se até aqui a protagonista era apenas uma moça com problemas que se torna uma presa fácil, depois da reviravolta a personagem perde força, com tanta ingenuidade e inocência - o que é difícil de acreditar, dado o perfil de Mari até então.

Involuntariamente, no entanto, "Confia em Mim" pode servir de combustível a uma discussão extremamente atual no Brasil: a culpa é da vítima? Não que as soluções absurdamente mirabolantes e esquemáticas do filme sirvam de pauta para qualquer debate - mas, ainda assim, é algo a se aproveitar do longa.

Quando entra em cena um detetive de polícia (Bruno Giordano), ele é a única pessoa na delegacia que simpatiza com a protagonista e decide ajudar. E, numa de suas primeiras cenas no longa, já é dada a resolução da trama.

Se "Confia em Mim" fosse uma novela de televisão, e para ela houvesse aqueles grupos de discussão de espectadores cujas opiniões acabam definindo o rumo da trama, é bem provável que a melhor amiga de Mari, vivida pela ótima Fernanda D'Umbra, se tornaria a queridinha do público, seu papel iria crescer, merecidamente ofuscando a mocinha - que, do jeito que é, entraria para a galeria das heroínas sem graça, como tantas outras.

(Por Alysson Oliveira, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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