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'Quebrando o Tabu': drogas ficaram diabolizadas, diz psiquiatra

28 set 2011 - 12h33
(atualizado em 3/10/2011 às 05h21)
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O psiquiatra Dr. Dartiu Xavier, professor da Unifesp e Coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad), falou sobre as drogas em entrevista nesta quarta-feira (28) no estúdio do Terra. O tema vem à tona por causa do filme 'Quebrando o Tabu', que o portal exibe gratuitamente ao longo desta semana. Xavier falou sobre a importância do longa no debate e esclarecimento do assunto e afirmou que a maneira como encaram as drogas atualmente é tendenciosa e preconceituosa. "As drogas ficaram diabolizadas pela sociedade e cultura".

Assista ao filme 'Quebrando o Tabu' com exclusividade na internet

O documentário expõe o fracasso da guerra às drogas. Destaca-se a regulamentação da maconha. O professor disse que a produção abre a discussão inclusive entre pais e filhos. "É muito rico que a população possa discutir. Não temos que acabar com as drogas. O que precisamos desenvolver é a forma de se relacionar com as drogas. Ela sempre existiu", afirmou.

Segundo o psiquiatra, é importante enfrentar a discussão que o filme traz. Xavier salienta o fato de que as drogas podem ser também grandes remédios e aliadas. "O álcool é uma droga, mas tem todo um discurso de diabolizar sobretudo as ilícitas". Ele afirmou que a grande maioria das pessoas que usa essas substâncias lícitas e ilícitas não se tornam dependentes. "A grande maioria que consome não desenvolve dependência. O que existe são pessoas que consomem com problemas gravíssimos".

O envolvimento do ex-presidente Fernando Herinque Cardoso com o filme Quebrando o Tabu, onde é âncora, foi classificado como um ato corajoso e honesto por Xavier. Uma série de projetos para a mudança da política contra as drogas foi engavetada. Dr. Dartiu Xavier disse que o governo foi reacionário e conservador. "Agora sinto que FHC está revendo a situação".

Uso da maconha

O uso maconha é muito menos problemático do que o uso do álcool e cigarro, explicou o psiquiatra. "A história natural é alguém que começa de forma recreacional e abandona naturalmente". Segundo ele, a maconha não mata. Não há relato na história relacionado a isso. "Ela mata por outros motivos. Quando alguém vai buscar droga na favela".

Na briga com as drogas, o sistema faliu, afirmou o médico. "Nós perdemos. As drogas não são nossas inimigas. Deveríamos nos dirigir para o uso inadequado. Proibir não é a solução".

Ao contrário do que muitos pensam, a maconha não é vista como porta de entrada para outras drogas, de acordo com o professor. Ele afirmou que não existe evidência cientifica que comprove isso. "A única das drogas que poderia levar a entrada as outras rogas seria o álcool. Não é o caso da maconha. A grande maioria dos usuários não progride para drogas mais pesadas".

A maconha pode fazer muito mal para seus dependentes. "Para quem ficou dependente é uma coisa horrível. O que digo é que não é horrível para todo mundo", defende o médico. Para ele, é muito provável, mas não garantido, que o uso diário da maconha aponte alguém em situação de dependência. Aos finais de semana pode-se dizer que o usuário está no padrão recreacional. "Quanto mais cedo a experiência maior a chance de dependência".

Dr. Dartiu Xavier é professor da Unifesp e coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad)
Dr. Dartiu Xavier é professor da Unifesp e coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad)
Foto: Ivan Pacheco / Terra
Fonte: Terra
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