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Cannes: Redford apresenta 'All is Lost' e comenta mudanças no cinema

22 mai 2013 - 15h49
(atualizado em 23/5/2013 às 08h25)
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Considerado uma lenda viva no cinema, Robert Redford, de 76 anos, que segue dirigindo alguns filmes e atua de maneira emocionante em "All is Lost", apresentado nesta quarta-feira em Cannes, diz que o segredo para não se render ao sistema é viver longe das tentações de Hollywood e Nova York.

"Se tivesse vivido dentro do sistema, não estaria aqui agora", afirmou Redford, para quem morar nas montanhas, longe das tentações de Hollywood e Nova York, é o que permitiu preservar sua forma de ver o cinema de outra maneira.

"É importante manter as distâncias e separar a vida pessoal da profissional", afirmou Redford na apresentação em Cannes de um filme no qual é o único ator, um homem que realiza uma travessia pelo Oceano Índico sozinho em um veleiro, longa-metragem dirigido por J.C Chandor.

Este filme é um exemplo de cinema independente, um setor que sempre esteve em uma situação complicada, mas "especialmente agora", afirmou Redford, considerando que neste momento está sendo produzida uma grande mudança no cinema que "não é precisamente a favor dos artistas".

Mas em sua opinião, não importa que tipo de história seja rodada, pode ser grande ou pequena: se tiver humanidade, funciona, como é o caso de "All is lost", um filme que foi um enorme desafio para Redford e que, com a distância do lugar no qual se desenvolve e os mais de 40 anos passados, traz à memória "Jeremiah Johnson", de Sydney Pollack, apresentado em Cannes em 1972.

Redford troca as montanhas pelo mar em um filme que foi um enorme desafio.

Sem experiência de navegação, o ator aceitou o projeto pelo desafio. Estava sozinho, sem ninguém ao redor, e fisicamente era complicado, sobretudo porque Redford se ofereceu a fazer sem dublê algumas cenas de ação. "Achei que era bom para ele (o diretor, Chandor) e para meu ego. Foi um terrível erro", lembra o ator.

Uma experiência similar à qual experimentou quando interpretou Jeremiah Johnson. Começou como uma diversão e se transformou em algo pessoal e muito exigente no aspecto físico.

"Mas agora estou no final do caminho e isto era um desafio especial. Não pensei em como podia fazer, simplesmente fui lá e fiz", acrescentou.

Um longo caminho em uma carreira de ator que começou em 1960 e que não tem intenção de interromper. "A pressão para ser diretor e ator ao mesmo tempo é enorme e me encanta, mas também gosto de vez em quando de só atuar", pois é uma tarefa mais simples.

"Gosto muito de atuar e espero poder seguir fazendo isso", disse Redford, cujo próximo trabalho será uma participação no filme sobre o Capitão América, enquanto continua com a expansão do Festival de Sudance, que fundou em 1981, e acaba de estrear seu último filme como diretor, "Sem Proteção".

Um grande número de projetos para uma mente inquieta como a de Redford, muito comprometido sempre com seu trabalho, mas também com a política e com o meio ambiente.

"A América se movimenta de um lado para outro, e nesse movimento algumas coisas podem se perder", disse o ator.

O ator e diretor agora está fascinado com um mundo no qual a tecnologia faz com que tudo seja mais e mais rápido. "Me pergunto quanto tempo vai passar até que tudo exploda".

Uma situação que contrasta com "All is lost", no qual um homem luta contra a natureza para sobreviver.

"Como ator foi realmente estupendo me deixar levar totalmente pelo filme e me sentir tão livre".

Sem monólogos nem voz interior, Chandor constrói um filme no qual o protagonista, que não tem nem nome, parece perdido no primeiro minuto, quando um "flashback" nos lembra como chegou a essa situação sem saída.

Para o filme, o diretor pensou quase desde o princípio em Redford, embora tenha demorado para pedir que o ator fizesse parte do projeto.

Chador fez o convite após apresentar sua obra prima em Sundance e após perceber que Redford podia representar o "símbolo icônico" da geração de seus pais, os nascidos antes, durante e após a Segunda Guerra Mundial.

"É uma geração muito grande e que fez muito pelo meu país. Eu pertenço a uma geração pequena", o que faz com que haja poucos "olhem para essa geração tão incrível", afirmou Chandor.

EFE   
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