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Robô gigante rouba a cena na animação “Operação Big Hero”

23 dez 2014 - 14h53
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Primeira animação do estúdio Disney baseada em uma história em quadrinhos da Marvel Comics, empresa da qual é dona desde 2009, “Operação Big Hero” retrata o grupo de super-heróis japoneses “Big Hero 6”, que surgiu em 1998, mas, até então, era desconhecido no mercado ocidental, mesmo tendo aparecido em um arco da série de HQ’s do Homem Aranha, dois anos atrás.

Entretanto, foi essa condição que influenciou na escolha da Disney, pois assim poderia adaptar os personagens da editora à sua própria maneira.

Por isso, o longa de Don Hall – “O Ursinho Pooh” (2011) – e Chris Williams – “Bolt: Supercão” (2008) – leva o Japão ao Ocidente, apresentando a híbrida metrópole de San Fransokyo, fusão da capital nipônica com a cidade californiana que abriga um grande número de imigrantes orientais e descendentes. Além da mistura da Golden Gate e das típicas ladeiras e casas de San Francisco com os arranha-céus e arcos de Tóquio, une-se a paixão japonesa pela robótica ao espírito tecnológico do Estado norte-americano de onde surgiram as maiores empresas da área de tecnologia, no Vale do Silício.

Neste cenário, o público conhece o protagonista Hiro Hamada, um adolescente-prodígio que usa sua inteligência para construir minirrobôs que disputam lutas clandestinas, atividade em que ele ganha seus trocados. Seu irmão Tadashi, modelo para o garoto desde que ficara órfão na tenra idade, consegue convencer o jovem a utilizar melhor seus conhecimentos, levando-o para a universidade onde realiza pesquisas avançadas. Mas aí uma tragédia muda os rumos da vida de Hiro.

Ao conhecer o robô “agente de saúde” chamado Baymax, resultado do projeto ao qual seu irmão se dedicava, ele decide iniciar seu plano de vingança. Nele, estão incluídos o grande autômato de vinil e, posteriormente, os amigos de Tadashi no centro de pesquisa: a alternativa GoGo, o metódico Wasabi, a delicada Honey Lemon e o tranquilão Fred – dublados pela blogueira Kéfera Buchmann, o ator e humorista Robson Nunes, a atriz Fiorella Mattheis e o apresentador Marcos Mion, respectivamente, na versão brasileira.

O grupo de nerds forma uma aliança de super-heróis que, em vez de superpoderes, utiliza aparatos que são frutos de seus estudos. Uma grande sacada do filme, pois torna a ciência algo interessante para o público infantil. No entanto, eles estão mais para o bando do Scooby-Doo do que para Os Vingadores ou a Liga da Justiça, ainda mais porque os quatro pesquisadores heroicos são pouco explorados no roteiro de Robert L. Baird, Daniel Gerson e Jordan Roberts.

Embora haja certa surpresa na revelação da identidade do vilão, ainda assim a dinâmica da luta entre os jovens e o malvado Yokai não foge do comum. Falta ao longa um pouco de ousadia, aquele toque Pixar, empresa da própria Disney, a cujo padrão o espectador já se acostumou, como na famosa animação sobre super-heróis, “Os Incríveis” (2004), de Brad Bird. Ainda assim, pelo menos a relação de Hiro com seu robô foi primorosamente construída – lembrando outro filme de Bird, a animação “O Gigante de Ferro” (1999).

Com um corpo inflável e estrutura que remetem ao homem- marshmallow do Caça-Fantasmas e ao mascote da Michelin, mais a fofura do Totoro e de outras criaturas de Hayao Miyazaki – uma excelente influência japonesa para esta animação hollywoodiana –, Baymax é puro carisma, não só por cenas impagáveis dele tentando lidar com seu porte avantajado ou acidentes de percurso. Muito mais porque, por ter sido construído com a finalidade de fazer seus pacientes não sentirem mais dores, ele faz de tudo para aplacar o sofrimento do garoto, proporcionando momentos tocantes.

Constituindo uma abordagem totalmente positivista da tecnologia, quando não se dispõe a destruir e sim a “consertar” as pessoas, o gigante de vinil serve de bússola moral ao protagonista, como aquele ser diferente que mostra a humanidade aos próprios seres humanos. Por isso, no próximo Natal, mais do que qualquer outro personagem de “Operação Big Hero”, deverá ser Baymax, em diversos formatos e produtos, o primeiro na lista de pedidos das crianças para o Papai Noel.

Por fim, vale lembrar que o filme tem dois bônus imperdíveis. Antes da exibição nos cinemas, o público poderá conferir “O Banquete” (2014), interessante curta da Disney – como sempre, um forte candidato ao Oscar – que mostra a relação de um cãozinho esfomeado e seu dono. E, ficando na sala até o final, vê-se uma cena pós-créditos hilária, com uma aparição surpresa que agradará aos aficionados por HQ.

(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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