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Tiradentes vive sua Mostra de Cinema, mas atrações vão além da telona

27 jan 2016 - 09h52
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A cidade de Tiradentes, no interior de Minas Gerais, está vivendo sua 19ª Mostra de Cinema, evento que enche as pequenas ruas e praças do local com festa, cores, música e obviamente "cinema", através de sessões competitivas e de exibição.

O evento inaugura o calendário nacional de cinema, colocando em evidência as obras independentes e de autor, mas o público também confere shows de música, teatro de rua, exposições, lançamentos de livros, espetáculos infantis e performances audiovisuais. E o melhor, tudo de graça.

A Mostra desse ano homenageia o cineasta ítalo-brasileiro Andrea Tonnaci e seu filme "Serras da Desordem", ganhador de melhor longa no Festival de Gramado, em agosto de 2006 e que este ano completou dez anos desde sua estreia no mesmo festival.

Em uma década, o filme se revelou a maior referência de uma mudança de paradigmas no olhar estético e na maneira de se fazer

Questões relativas aos limites tênues entre documentário e ficção se somaram, no filme, às discussões sobre o genocídio histórico contra indígenas em território nacional, ambos os assuntos constantemente na pauta cotidiana.

Tonacci nasceu em Roma (Itália) em 1944 e se mudou para o Brasil aos 11 anos de idade. Ele foi reconhecido como uma figura importante da geração chamada de Cinema Marginal.

"Aquilo que me surpreende, algo que me faz questionar, refletir mais, ou pensar, é isto é o que me estimula", confidenciou Tonnaci em conversa com os jornalistas em coletiva de imprensa, ao explicar sua motivação em fazer cinema.

Continuando, Tonacci disse: "É complexo o raciocíonio que me leva a fazer os filmes, não é o fato de ter dito que me lembrei de uma coisa e pronto, mas para chegar àquilo tem muita história (...) teve que ter todo um roteiro, todo um processo, eu tive que ir a um lugar, nesse lugar aconteceu uma memória, não é algo simples ou leviano ou que acontece simplesmente".

Obras de outros diretores nacionais consagrados também foram ou ainda serão exibidos no evento como "Garoto", de Julio Bressane; "Através da Sombra", de Walter Lima Jr.; "Futuro Junho", de Maria Augusta Ramos; e "Quase Memória", de Ruy Guerra.

Pré-estreias nacionais também marcam o evento, como por exemplo o longa "Campo Grande", da diretora Sandra Kogut.

A diretora da Mostra, Raquel Hallack, falou sobre a importância do evento, disse que "esse ano a temática 'Espaços em Conflito' do cinena brasileiro propõe uma revisita desde a década de 50, quando o filme 'Rio 40 graus' inaugura essa questão".

"Então não é uma questão nova em si no cinema brasileiro, mas é uma que nos faz olhar para o cinema que está sendo produzido hoje, para a gente pensar quais são as atualizações e tradições do espaço como centro nervoso de um filme e como os personagens vivem", explicou Raquel à Agência EFE.

"O Tonacci representa muito essa temática, dái a gente escolher ele como homenageado. (...) Ele é um cineasta extremamente contemporâneo, que dialoga com essa nova geração, admirado por todos, que não tem uma filmografia muito extensa, mas consistente, com um olhar inventivo sobre o cinema", completou a diretora do evento, justificando a homenagem ao cineasta.

A histórica e turística cidade de Tiradentes (MG), além de acolher no verão o festival de cinema, também é conhecida pelo seu festival de cultura e gastronomia que acontece sempre no meio do ano.

A 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes acontece até o próximo sábado, dia 30 de janeiro.

EFE   
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