65º Festival de Veneza

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65º Festival de Veneza

Sábado, 30 de agosto de 2008, 17h53 Atualizada às 19h03

"O capitão Fábio foi meu Macunaíma", diz Milhem Cortaz

Orlando Margarido
Direto de Veneza

O ator Milhem Cortaz vive dias de glória inesperados na sua atual passagem pela Europa. Ao desembarcar na França para fazer a conexão com destino a Veneza, ele foi reconhecido pelo oficial da imigração. "Você o capitão de Tropa de Elite não é?" Diante da afirmativa, pôs-se a posar para a foto com o ator, ainda desconcertado e surpreso pela fama. "O Capitão Fábio é o meu Macunaíma, o herói sem nenhum caráter que mudou muita coisa na minha vida e trouxe um sucesso súbito, mais do que Carandiru, filme que me fez despontar", disse em entrevista ao Terra.

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Escolha um filme brasileiro de safra recente e a chance de ter um papel defendido por esse paulistano de 35 anos, filho único de família italiana e árabe, é grande. Sua carreira já contabiliza 38 filmes.

Agora mesmo Cortaz está nas telas em São Paulo em sessão dupla.

Em Nossa Vida não Cabe num Opala, ele retoma o texto filmado de Mário Bortolotto que já havia interpretado no teatro, só que como outro personagem. Agora ele é Lupa, o irmão mais rude da família que se dedica a roubar Opalas de um único ano.

No alentado filme de José Mojica Marins, Encarnação do Demônio, Cortaz interpreta o padre que deseja matar Josefel Zanatas, ou seja, o Zé do Caixão, num papel que foi pensado para ele desde o início do projeto. "Imagine, eu que tinha nos meus sonhos de infância e adolescência o Zé do Caixão como um super-herói, ter que matá-lo, é uma ironia".

Mas Cortaz está também agora internacional. Ou quase. Sua presença em Veneza se dá não só pela exibição fora de concurso do filme de Mojica, mas igualmente por um papel menor em Plastic City, a co-produção entre Brasil, China e Japão que concorre ao Leão de Ouro.

O ator faz em cena o que tem se tornado quase uma especialidade: um líder de gangue, durão e sempre pronto a brigar, desta vez latino.

Essa construção de um tipo semelhante tem repercussão no aprendizado no Piccolo Teatro de Milão, responsável pela tradição da comedia dell¿arte, onde é comum um ator passar toda a carreira vivendo um único personagem.

"Eu sei que essa idéia de interpretar o mesmo tipo entre ingênuo e brigão, quando não um assassino tem se tornado recorrente, mas eu passei a ficar tranqüilo depois que o escritor Marçal Aquino me disse que existem mais de trinta tipos diferentes de assassinos para se fazer", justifica. "Então ainda tenho muitas possibilidades pela frente".

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