"Brasil é um lugar para utopias e simbolismos", diz diretor chinês

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A co-produção entre Brasil, China e Japão desagradou não só jornalistas brasileiros pela extravagância de elementos em cena - um tigre branco na Amazônia ou neve, mar e porto na capital paulistana, onde boa parte da fita foi realizada - mas a toda imprensa presente na sessão. A questão levantada, nesse caso, refere-se a um enredo confuso e sem um objetivo claro no tema de conflito de poder que envolve a máfia chinesa do bairro da Liberdade, a partir da crise entre pai, filho e um novo negociante em cena. "Para mim o Brasil é um lugar para utopias e cheio de simbolismos também; acho que tudo poderia ser encontrado ou realizado ali, por isso me senti a vontade para realizar essas transgressões". Lik-wai, fotógrafo dos filmes de Jia Zhang-ke (Em Busca da Vida), conheceu São Paulo quando veio à cidade finalizar a edição de seu filme anterior, All Tomorrow's Parties.

Encantou-se pelo ar de metrópole e seu gigantismo e achou que a historia que queria contar caberia bem em locações do bairro da Liberdade, onde se passa a maior parte da trama. Nesse período também tomou contato com as fotografias urbanas e coloridas de Cássio Vasconcellos, um expert na cidade, que acabou realizando uma consultoria para o filme.

Suas fotos recheiam vários fotogramas da fita. "Além das cores de que necessitava para o efeito pretendido, com muito vermelho principalmente, essas imagens reforçam o conceito de selva urbana que acompanha o conflito".

O cineasta acredita que o senso de realidade não deve prevalecer no julgamento de uma ficção e sim o sentido de metamorfose de um espaço e também das pessoas. "É isso que me interessa no cinema e o que procurei transmitir nesse filme."