65º Festival de Veneza

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65º Festival de Veneza

Segunda, 1 de setembro de 2008, 14h21 Atualizada às 14h23

Obsessões e humor burlesco marcam filme de Bressane

Orlando Margarido
Direto de Veneza

Dois contos de Machado de Assis, A Causa Secreta e Um Esqueleto, se fundem numa história no limite do surreal e com humor negro refinado. Em A Erva do Rato, exibido esta tarde fora da competição oficial na sessão Horizonte do Festival de Veneza, o diretor carioca Julio Bressane conjuga alguns de seus recursos habituais, como a encenação inspirada na pintura clássica e os diálogos quase declamados, para narrar uma obsessão - o que também é um tema habitual.

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Alessandra Negrini, a Cleópatra do filme anterior de Bressane, volta à cena como uma professora desamparada que é encontrada desmaiada pelo personagem de Selton Mello.

Ele assume as duas personalidades masculinas obsessivas criadas por Machado, um médico que expõe como um relicário o esqueleto da mulher que matou por ciúmes e um homem que tem prazer no sofrimento alheio, seja um rato, seja a própria mulher.

No filme, esses dois personagens se compõem numa ótima interpretação de Selton, que começa a conquistar a jovem pelo cultivo da literatura - um texto explica, por exemplo, que erva do rato é um veneno usado pelos indígenas - e prossegue com as fotografias da jovem nua e em poses sensuais.

Nem é preciso lembrar a reflexão exigente que Bressane pede ao seu espectador. Mas é verdade aqui também que há uma condição burlesca da história que pode suavizar esse contato, quase sempre provocador e de choque para a grande platéia.

Por falar em audiência, um quarto da sala de 1300 lugares estava ocupado durante a exibição e houve pouquíssimas deserções. Ao final da sessão, aplausos e uma surpresa para quem não abandonou correndo a sala, com cenas de making of se misturando aos créditos.

Veneza continua sendo assim a melhor casa de festival internacional para Bressane, onde o diretor sempre foi bem recebido.

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