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Sexta, 1 de setembro de 2006, 16h38 

Festival de Veneza se volta para filmes de guerra em seu 3º dia

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As guerras, em especial a do Iraque, projetaram hoje uma sombra de pessimismo na ensolarada Veneza, que hoje realiza o terceiro dia de seu Festival de Cinema.

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"É difícil imaginar que exista muita esperança para os seres humanos", afirmou hoje o diretor holandês Paul Verhoeven em uma entrevista coletiva na qual apresentou sua última produção, "Zwartboek", uma dura reflexão sobre a condição humana em situações extremas como a guerra.

O filme, inspirado em fatos reais, transcorre principalmente em 1944, na Holanda, e mostra a vida de uma mulher judia que tenta sobreviver à perseguição nazista e que colabora com uma rede da resistência holandesa infiltrada pelos alemães.

O que um ser humano pode realizar para sobreviver, ou o que pode fazer simplesmente para obter dinheiro, é apresentado na produção, que tem a dinâmica de um filme de suspense.

A traição e a prostituição são condutas ou circunstâncias da obra, que também fala de sentimentos como o amor, o que causa certa surpresa.

Entretanto, "Zwartboek" não é uma produção revisionista, pelo menos não em relação ao Holocausto, pois os nazistas continuam sendo os perseguidores e os judeus os perseguidos.

"Caso olhemos para o último século, o XX, os próprios seres humanos mataram 150 milhões de pessoas. Não acho que isto nos leve a pensar que as coisas vão melhorar. De fato, com todos estes debates sobre a utilização ou não de bombas atômicas, acho que vivemos tempos muito difíceis", declarou Verhoeven.

Opinião semelhante tem o diretor americano Oliver Stone, que afirmou que "como veterano do Vietnã" está "muito deprimido" com a Guerra do Iraque e com tudo o que acontece atualmente.

Stone declarou isto em uma entrevista coletiva na qual comentou sua última produção, "As Torres Gêmeas", baseada nos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos.

Segundo o diretor, "as conseqüências do 11 de Setembro são piores do que o que aconteceu naquele dia".

"Acredito que as coisas foram muito lúgubres. Há mais terrorismo, há mais morte, há mais guerra e, acima de tudo, violações constitucionais", afirmou Stone.

O cineasta americano disse que "a situação é terrível", o que atribui em parte à cultura da violência existente em seu país.

"A violência dá lucro para os Estados Unidos e acho que é parte do problema, um problema cultural", declarou Stone antes de perguntar: "Para que serviram os três filmes que fiz sobre a Guerra do Vietnã?" "Assistimos outros filmes que promovem o conceito da guerra, como ''Pearl Harbour'' ou ''Falcão Negro em Perigo''. Estes filmes alimentam a ideologia da guerra e acho que os Estados Unidos retornaram ao conceito dos conflitos muito facilmente", declarou.

Esta reflexão se liga a outra, ainda mais pessimista, de Verhoeven, que ao comentar seu filme afirmou: "Os seres humanos são todos iguais nestas circunstâncias cruéis e brutais, que são predominantes neste animal que dominou a face da Terra durante milhares de anos".

Diante disto, Stone aproveita para evidenciar o "coração humano" que fica claro em sua fita quando dois policiais são salvos dos escombros das Torres Gêmeas por causa da coragem e do valor de um fuzileiro naval.

Entretanto, Stone apresenta este soldado americano como um iluminado que tempo depois termina alistado na Guerra do Iraque.

EFE
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