Veneza 2006

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Quarta, 6 de setembro de 2006, 21h08  Atualizada às 22h04

David Lynch recebe o Leão de Ouro pelo conjunto da carreira

Reuters

David Lynch exibe o prêmio que ganhou no Festival de Veneza
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Os organizadores da 63ª Mostra de cinema de Veneza concederam na noite desta quarta-feira o Leão de Ouro ao cineasta americano David Lynch, 60 anos, pela carreira.

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Inland Empire, o mais recente filme do diretor foi projetado à noite em Veneza em pré-estréia mundial, mas na qualidade hors-concours.

Cinco anos após Cidade dos Sonhos, de 2001, Lynch voltou a apresentar em Inland Empire uma exploração angustiada do subconsciente, que lhe valeu a admiração de toda uma categoria de cinéfilos.

O filme, de 172 minutos, rodado em sistema digital, se aventura no mundo interior de Nikki, uma atriz famosa de Hollywood.

O mergulho neste inquietante labirinto de pensamentos, alusões, ilusões e alucinações revela as angústias de uma estrela de cinema que acaba de ser escolhida para um filme importante.

Em um drama pouco linear, filmado em Los Angeles e na Polônia e dominado por uma fotografia sombria, a fita ilustra o desdobramento contínuo da protagonista, marcado por música, imagens desfocadas e personagens inéditos.

Com Jeremy Irons no papel de alter ego de Lynch, o filme retrata a visão obscura do diretor "cult" de filmes como Veludo Azul, Coração Selvagem e O Homem Elefante e completa sua visão pessoal do "amor no inferno". Aplaudido e criticado pelo público, dividido entre a fascinação e o fastio, o filme mergulha na estética extremamente pessoal de Lynch.

"Este filme é muito melhor que Cidade dos Sonhos", disse o diretor da Mostra veneziana, Marco Müller, que se vangloriou de conseguir "roubar" o diabólico cineasta do festival de Cannes, onde ele costuma apresentar seus filmes.

Conhecido por defender a meditação transcendental há 30 anos, Lynch dará uma série de conferências na Itália com a finalidade de ilustrar esta técnica de alcançar a paz interior.

Menos angustiante, mas igualmente intrigante foi o filme russo Ejforija (Euforia), do diretor estreante Ivan Vyrypaev.

A história de amor e paixão de um casal que se conhece durante uma festa de casamento é narrada com imagens belíssimas, que transmitem sensações fortes ao espectador.

O filme, que se desenvolve nas imensas estepes russas e ao redor do rio Don, a 200 km de Volgogrado, transforma a paisagem em mais um ator, pois representa com eficácia o mesmo desejo dos protagonistas.

"É como uma tragédia grega, o mito está sempre presente", comparou a jovem atriz russa Polina Agureyeva, que faz o papel principal feminino.

A fuga sem rumo dos dois amantes pelas estepes, debaixo de uma forte chuva, desatará os ciúmes do marido dela, que se vingará com toda a tragédia de que é capaz.

A fita russa se soma à lista de favoritos do festival, ao lado de The Queen, do inglês Stephen Frears, o mais votado por público e crítica segundo a revista do festival, Ciak.

AFP
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