Veneza 2007


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Sexta, 24 de agosto de 2007, 10h55  Atualizada às 11h25

Fanny Ardant polemiza na Itália com seu "herói guerrilheiro"

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A atriz francesa Fanny Ardant provocou a ira de políticos italianos ao descrever o fundador do grupo guerrilheiro Brigadas Vermelhas como seu "herói", levando a pedidos na sexta-feira para que ela se mantenha longe do Festival de Cinema de Veneza, na próxima semana.

» Confira a lista de indicados

A atriz de 59 anos, ex-companheira do diretor François Truffaut, disse a uma revista italiana esta semana que admira o guerrilheiro encarcerado Renato Curcio porque, diferentemente dos líderes das revoltas estudantis de Paris em 1968, ele não abandonou seus ideais de esquerda.

"Para mim, Renato Curcio é um herói. Sempre vi o fenômeno Brigadas Vermelhas como algo muito comovente e cheio de paixão", disse ela à revista A em entrevista, acrescentando que o guerrilheiro italiano "não virou empresário" como os esquerdistas franceses de sua geração.

A reação de políticos conservadores na Itália foi de fúria. O presidente da região do Vêneto, que inclui Veneza, Giancarlo Galan, do partido de direita Forza Italia, pediu a Ardant "que nos faça o favor de não vir a Veneza para o festival de cinema".

O democrata cristão Luca Volonte disse: "Ninguém pede a uma atriz que seja inteligente ou que esteja informada sobre as inúmeras tragédias, mas ela precisa no mínimo demonstrar respeito pelas famílias das vítimas".

Anos de chumbo
Renato Curcio, um dos fundadores do grupo de guerrilha urbana marxista, foi condenado à prisão por uma série de sequestros e atentados a bomba, iniciados em 1970, década que ficou sendo conhecida como "os anos de chumbo" na Itália.

O ato mais notório do grupo foi o sequestro e assassinato do líder democrata cristão Aldo Moro, em 1978. A Brigada Vermelha (Brigate Rosse) foi quase inteiramente desmontada na década de 1980, mas um desdobramento novo dela realizou um assassinato em 2002, e 17 suspeitos foram presos este ano.

Durante muitos anos, membros da Brigada Vermelha em fuga da polícia encontraram refúgio na França, que se negava a extraditá-los alegando que as condenações deles eram de legalidade duvidosa. Mas a prisão em Paris esta semana da ex-militante Marina Petrella, que em 1993 foi condenada por assassinato e sequestro, alimentou esperanças em Roma de que ela e outros possam ser extraditados.

Fanny Ardant é aguardada em Veneza na próxima semana, como integrante do elenco de um filme italiano, e este ano será vista em outro filme italiano, este sobre a vida do político veterano Giulio Andreotti.

Reuters
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