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Festival de Berlim 2017: Cineastas criticam governo Temer e pedem diálogo em manifesto

"O audiovisual brasileiro, especialmente o autoral, corre o risco de acabar", diz o texto.

15 fev 2017 - 17h20
(atualizado em 16/2/2017 às 11h09)
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O ano de 2017 começou com uma marca importante para o cinema brasileiro. Neste ano, as produções nacionais terão presença recorde em festivais de cinema internacionais de prestígio como as mostras de Sundance, Roterdã e Berlim.

Foto: Andreas Rentz / Getty Images / AdoroCinema

Em nome da vitalidade da produção audiovisual no país e da manutenção de políticas de incentivo voltadas para o setor, cineastas brasileiros que estão na capital da Alemanha para exibir seus filmes no Festival Internacional de Cinema de Berlim leram um manifesto crítico ao governo do presidente Michel Temer e a favor das políticas públicas consolidadas por governos anteriores, como as gestões de Dilma Rousseff e Lula.

"Estamos vivendo uma grave crise democrática no Brasil. Em quase um ano desse governo, os direitos de educação, saúde e trabalhistas foram duramente atingidos. Junto com todos os outros setores, o audiovisual brasileiro, especialmente o autoral, corre o risco de acabar", diz o texto, que foi lido na Embaixada do Brasil na Alemanha durante o tradicional coquetel realizado anualmente para diretores brasileiros.

O texto foi assinado por cineastas como Daniela Thomas, Laís Bodanzky, Julia Murat, Cristiane Oliveira e Felipe Bragança. Ao todo, 12 filmes nacionais representam o Brasil na Berlinale em 2017, incluindo o drama biográfico Joaquim, de Marcelo Gomes, na Competição Oficial e filmes como Vazante, Como Nossos Pais, A Mulher do Pai e Não Devore Meu Coração.

"Nos últimos anos, a Ancine tem direcionado suas diretrizes, conservando com atenção os muitos Brasis. Ampliou o alcance dos mecanismos de fomentos, que hoje atingem segmentos e formatos dos mais diversos, entre eles o cinema autoral, aqui representado", diz o manifesto, que em seguida menciona o recorde de participações brasileiras em festivais internacionais e avalia: "Não chegamos a esse patamar histórico sem política pública."

O texto prossegue elencando uma cadeia de agentes responsáveis pelo bom momento do cinema autoral brasileiro no exterior e pediu um diálogo mais direto com a Ancine e o Ministério da Cultura. "Tudo o que se alcançou até aqui é fruto de um grande esforço do conjunto de agentes envolvidos entre Ancine, produtores, realizadores, distribuidores, exibidores, programadores, artistas, lideranças, poder público, entre outros. Acima de tudo, queremos garantir que qualquer mudança ou aperfeiçoamento nas políticas do audiovisual brasileiro sejam amplamente debatidos com o conjunto do setor e com toda a sociedade."

Por fim, o manifesto faz um apelo: "Pedimos às instituições, produtores e realizadores de todo o mundo que apoiem a luta e a manutenção de todos os tipos de audiovisual no Brasil. Defendemos aqui a continuidade e o incremento dessa política pública."

Em maio de 2016, a equipe do filme Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, protestou contra o processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, poucos dias depois do Senado Federal aprovar o parecer da Câmara dos Deputados favorável ao impedimento da petista e afastar Dilma do cargo de presidente, fazendo com que Temer assimisse a função de forma interina. Além de Mendonça, participaram do protesto que teve repercussão internacional atrizes como Sônia Braga e Maeve Jinkings, segurando cartazes com dizeres como "Um golpe ocorreu no Brasil", "Resistiremos" e "O mundo não pode aceitar esse governo ilegítimo".

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