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Gore Verbinski quer "destruir a experiência do spa" em "A Cura"

16 fev 2017 - 17h33
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O diretor Gore Verbinski pretende transformar a experiência relaxante de um spa em um pesadelo em "A Cura", filme com o qual espera "destruir essa noção para as pessoas", como conta em entrevista com a Agência Efe.

Em sua nova proposta, Verbinski envia um jovem e ambicioso executivo a um exclusivo balneário dos Alpes suíços para trazer de volta o presidente de sua empresa, embora rapidamente descobrirá que os tratamentos milagrosos que o lugar oferece não são o que parecem.

Essa premissa permite ao cineasta colocar no filme algumas sequências medo real que lembram grandes clássicos do terror, suspense e thriller psicológico.

"Estamos interligados. Há certas imagens que sempre vão nos perseguir", disse o cineasta americano ao responder sobre as referências visuais de uma das imagens mais potentes de sua nova obra, na qual Dane DeHaan, o protagonista, recebe o tratamento de um tenebroso dentista.

A cena traz à memória imediatamente "Laranja Mecânica" (1971), de Stanley Kubrick; "Maratona da Morte" (1976), de John Schlesinger, e "Um Cão Andaluz" (1929), de Luis Buñuel, embora Verbinski estivesse pensando mais em "O Inquilino" (1976), de Roman Polanski.

"Os dentes são particularmente perturbadores. Esse filme de Polanski sempre me arrepiava. Todos nós reconhecemos o som e a sensação que sentimos no corpo cada vez que vamos ao dentista. Portanto sabemos pelo que o personagem está passando", explicou o cineasta.

Curiosamente, Verbinski teve que teve que marcar uma consulta com o dentista enquanto filmava essa cena.

"Tinha diante de mim dois caras com máscaras falando alemão enquanto perfuravam meus dentes. Foi muito irônico", contou o diretor, um verdadeiro mestre em recursos visuais, como demonstrou em "O Chamado", a saga "Piratas do Caribe" e "Rango", vencedor do Oscar de melhor filme de animação.

Verbinski, um ávido surfista em sua juventude, revela que também foi influenciado por Steven Spielberg após assistir "Tubarão" no cinema.

"Cresci em San Diego e não parava de surfar e de fazer 'paddleboarding', mas Spielberg arruinou isso para mim. A praia era um lugar lindo e tranquilo, e ele o destruiu totalmente. Tomara que eu consiga destruir", com a ajuda de enguias e afogamentos em piscinas dedicadas ao relaxamento, "a experiência do spa para as pessoas", manifestou.

A história de "A Cura", toda uma crítica à sociedade atual, mais dependente das conquistas materiais do que da felicidade pessoal, deixa transparecer que os mais jovens querem romper com "o algoritmo tradicional" imposto em nosso dia a dia.

"A juventude está despertando. Estamos nos afogando nesse ciclo vital de procurar trabalho, focar-se nele a todo custo para ganhar a vida, crescer, progredir e morrer. Por que tem que ser assim? É preciso avaliar a importância das coisas e o primeiro passo consiste em parar e refletir", afirmou Verbinski, muito orgulhoso do polêmico final que projetou para sua obra.

"Espero que as pessoas fiquem petrificadas. É disso que este gênero é capaz", finalizou.

EFE   
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