58º Festival de Berlim

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58º Festival de Berlim

Quinta, 7 de fevereiro de 2008, 16h24

Combinação entre Stones e Scorsese abre Festival de Berlim

Os Rolling Stones levaram o Festival de Cinema de Berlim ao firmamento do rock com Shine a Light, o documentário de Martin Scorsese sobre a banda, e que abriu nesta quinta-feira a 58ª edição do evento.

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Abrir o Festival de Berlim é sempre um privilégio para o filme eleito e, desta vez, a ocasião foi bem mais especial para os presentes: além de estarem mais vivos do que nunca na tela, os Stones também desfilaram pelo tapete vermelho da mostra.

"Os Stones eram meu objeto de desejo, foram a música da minha vida", declarou Scorsese à imprensa, na qualidade de quem dirigiu uma banda recebida em Berlim com a paixão de uma massa de tietes.

"É uma honra estar aqui. É a primeira vez que um documentário musical abre um festival assim. Deixo meu agradecimento a Dieter Kosslick, diretor do evento", disse o vocalista da banda, Mick Jagger, mais quieto do que no filme, mas ainda cavalheiro e carismático.

Os Stones desembarcaram na Alemanha com jeitão de bons meninos; se dispuseram a tratar bem inclusive aqueles que disseram que um filme não tem a força do palco.

"Não é um show, é um filme", resumiu Jagger, enquanto outro Stone, o guitarrista Keith Richards, sentenciava que o melhor de tudo foi não notar a presença das câmeras da equipe de Scorsese.

O diretor contou que quis estar o mais perto possível de um show "sem ser um incômodo".

Shine a Light não é um show filmado nem um documentário comum, tecido com as músicas mais emblemáticas da banda salpicadas por declarações de seus heróis; é um filme com uma linguagem própria, no qual Scorsese sabe dar um toque mágico a cada tomada.

A câmara percorre cada ruga, veia, artéria e músculo de Jagger, transformado-o em uma categoria humana própria, diante da qual só resta a pergunta: como ele sobrevive aos shows que faz?

Richards, com seu permanente aspecto de quem acaba de cair do coqueiro; o guitarrista Ron Wood, alter ego ou imitação do anterior; e o monossilábico baterista Charlie Watts, incapaz de falar uma frase completa, são os comparsas de Jagger em um universo que tem o vocalista como astro rei.

As funções de cada um nessa estrutura foram devidamente cumpridas diante da imprensa do Festival de Berlim.

O núcleo das imagens de Shine a Light vem de um show de 2006 no Beacon Theater, em Nova York (Estados Unidos), pela ocasião do aniversário de 60 anos do ex-presidente americano Bill Clinton e que também serviu para arrecadar fundos aos programas beneficentes tocados pelo ex-chefe de Estado.

Alguns toques magistrais de Scorsese retratam a ironia do conjunto, desde Richard cumprimentando a mãe de Hillary Clinton de modo cortês, às meninas amontoadas diante do palco, rendidas a cada movimento dos quadris magrelos de Jagger.

Calculando precisamente os intervalos necessários para não interferir nas músicas, Scorsese incorpora ao filme impagáveis imagens de arquivo, com Jagger e Richards muito jovens e explicando a certos guardiões da moral que não são anarquistas drogados.

Em certos momentos, o espectador se sente impotente ao ver o show distante, na tela, e inveja as garotas que tiram fotos de Jagger com seus celulares; depois, se consola com o fato de que está diante de linguagem diferente - o cinema - e que nunca estaria tão perto do vocalista em um show normal dos Stones.

Ao vivo ou no arquivo, Shine a Light mostra um Jagger sexy como nunca. Tanto nos primeiros anos da banda, quando dispara, quase messiânico, que pretende continuar no grupo até os 60 anos, quanto depois de já ter superado todas essas décadas.

Jagger se exibe como o órgão vital que é, enquanto Richard exibe maltratados braços, pelos quais muitas coisas passaram - não exatamente músculos.

A presença dos Rolling Stones, de Scorsese e do produto final da combinação, Shine a Light, sem dúvida transformou a abertura do Festival de Cinema de Berlim de 2008 em um acontecimento histórico.

EFE

AP
Rolling Stones lançam documentário em Berlim
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