58º Festival de Berlim

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58º Festival de Berlim

Sábado, 9 de fevereiro de 2008, 19h33

Brasil estréia no Festival de Berlim com 'Mutum' e 'Dreznica'

O Brasil marcou neste sábado sua primeira presença no Festival de Berlim com a exibição de Mutum, uma homenagem à inocência da infância, da produtora carioca Sandra Kogut, que estreou na seção Generation, e com o curta Dreznica de Anna Azevedo, uma espécie de viagem onírica pela memória, exibida fora de concurso.

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O pequeno Thiago da Silva Mariz, de dez anos, se destacou como protagonista de Mutum, baseado no romance Campo Geral, de João Guimarães Rosa, que segundo explicou a diretora à agência Efe, fala sobre a exclusão das crianças em relação ao mundo dos adultos "que não lhes explica o que está acontecendo, embora eles possam perceber".

Este drama rural narra alguns meses na vida da família de Thiago, nome também do personagem principal, marcados pela tragédia, a violência paterna e a pobreza na área de sertão, e pelo isolamento de seu sítio em meio a terras áridas.

Kogut escolheu seu herói entre mil candidatos, que selecionou das escolas locais, dos quais, a grande maioria "não tinha visto um único filme em sua vida".

A câmara passeia na expressão e na ternura dos olhos do menino, que não falou mais do que quatro palavras após a projeção do filme, e deu alguns autógrafos diante da insistência dos admiradores mais jovens.

O perfeccionismo da diretora, preocupada em passar uma imagem mais verossímil possível de como vive uma família em condições extremas, a levou a escolher seus "atores" entre gente da região e a reunir, na mesma casa em que acontecem as gravações, os membros da família fictícia, durante dois meses antes do início das gravações.

"Chegou-se a um ponto de conexão em que as crianças começaram a chamar de 'papai' e 'mamãe' seus pais de mentira. Se criou tanta intimidade que mantive os nomes reais das crianças para o filme. Não podia me imaginar chamando-os de outra maneira", explicou.

Kogut também eleva a miopia de Thiago à categoria de metáfora já que "quando se é criança, que se tem envolta, como seu quarto, é seu mundo e, além, tudo te parece estranho e embaçado".

A diretora explicou que, embora Mutum seja o nome fictício da localidade em que transcorre a ação, preferiu transformá-lo na "pátria da infância", encarnada em um amável e brilhante estreante diante da câmara.

A brasileira Anna Azevedo apresentou também no Festival de Berlim, Dreznica, um curta de 16 minutos, filmado em Super 8, que pretende descobrir como sonhamos quando sonhamos, segundo explicou à Efe.

Acompanham os oníricos planos do vídeo, recompilados a partir de vídeos caseiros de conhecidos seus, os testemunhos de cinco cegas que descrevem suas lembranças como imagens "observadas através da bruma".

A falta de foco constante nos planos permite vislumbrar cenas entre a nebulosa de um impreciso túnel do tempo que revela viagens, paisagens, travessias em navio e festas de aniversário.

Um emotivo arco íris de cores e texturas marca a concepção do curta, que traz em seu o nome de um navio que aparece entre o nevoeiro.

"Dreznica é o nome de uma pequena cidade na Eslovênia, embora eu tenha dado outro significado: o do lugar imaginário onde se pode ver embora não se veja na realidade", acrescentou.

O Brasil fechará sua participação no Festival de Berlim na segunda-feira com Tropa de Elite de José Padilha, que concorre pelo Urso de Ouro, e o musical Maré, Nossa História de Amor, de Lucia Murat, que se apresenta na seção Panorama.

EFE

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