O filme alemão Feuerherz, baseado na história de uma criança-soldado da Eritréia e imerso na polêmica sobre a veracidade do que narra, marcou o dia em um Festival de Berlim que entra na reta final saturado de dramas infantis.
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A história de uma menina de dez anos entregue por seu pai ao Movimento de Libertação da Eritréia dividiu a jornada com o drama Il y a longtemps que je t'aime, de Philippe Claudel, e com o filme israelense Restless, sobre uma relação tensa entre pai e filho.
Feuerherz, dirigido por Luigi Falorni, baseia-se no best-seller autobiográfico de mesmo título de Senait Mehari, uma eritréia-alemã que conta ter sofrido na pele a situação.
A personagem do filme é uma menina que vive nos anos 80 e passa da segurança de uma escola de missionárias na Eritréia a um campo de treinamento do movimento de libertação.
"É um tema tabu na Eritréia, mas a verdade é que o movimento de libertação usou crianças-soldado, está documentado", disse Falorni, defendendo a veracidade do que conta e se distanciando - como vem fazendo há semanas - das supostas mentiras relatadas no livro, com o argumento de que apenas o tomou como base.
Enquanto Falorni se explicava durante encontro com jornalistas, um homem distribuía folhetos contra o filme e o livro próximo dali.
"Freqüentei a mesma escola que a autora e sei que a história é falsa. Tudo é uma mentira, para vender o livro. Eritréia não é Serra Leoa. Ali não houve crianças-soldado de dez anos, muito menos nos anos 80", explicou o solitário manifestante.
O filme, mesmo cercado pela polêmica, parece não funcionar, pois Falorni faz um retrato frio. A aposta em um certo distanciamento é louvável, mas o resultado é que suas crianças-soldado parecem estar participando mais de uma colônia de férias do que de uma guerra.
A atriz Kristin Scott Thomas acabou conseguindo emocionar os espectadores em Il y a longtemps que je t'aime, uma produção que mostra o drama de uma mulher que acaba de deixar a prisão sem revelar a ninguém o porquê de ter matado seu filho de seis anos.
Kristin suporta todo o peso do filme, com uma atuação densa e impecável o tempo todo. O filme, porém, decepciona quando chega a hora de revelar ao espectador o segredo da assassina. Nem o talento da atriz salva o momento.
Restless, de Amos Kollek, retrata o desengano israelense através de uma dupla perspectiva.
De um lado, a de um judeu de Manhattan, pregador e poeta em um clube noturno, que fascina a platéia com recitais que vão do patriótico ao anti-semitismo.
De outro, seu filho, um franco-atirador do Exército israelense que é desligado do serviço porque seus superiores acreditam que tenha entrado em crise.
EFE
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