58º Festival de Berlim

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58º Festival de Berlim

Sexta, 15 de fevereiro de 2008, 11h06 Atualizada às 11h26

Monótono, Festival de Berlim recebe chuva de críticas

"Uma competição monótona", repleta de "tragédias frustrantes e thrillers amorfos", um déficit de coragem e de novos talentos, cineastas já consagrados sem inspiração: a 58º edição do Festival de Berlim, que terá sua premiação (Urso de Ouro e Ursos de Prata) anunciada sábado, tem recebido críticas severas.

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Monótona e pouco excitante, a mostra oficial, que teve pela sétima vez Dieter Kosslick como diretor artístico, decepcionou a maior parte da crítica, cujo humor tem sido "bem menos clemente que a meteorologia", já que a temperatura é quase de primavera em Berlim, afirma a revista Variety, que não poupou críticas ao brasileiro Tropa de Elite.

No papel, no entanto, o programa era "o mais estimulante dos últimos anos, mas poucos filmes despertaram algum entusiasmo ou foram inovadores", acrescenta a publicação.

"Falta cruelmente paixão, audácia, arroubos de loucura, riscos nesta Berlinale", lamenta Nicolas Crousse, crítico do jornal belga Le Soir. "Faltam personalidades como Herzog, Cimino ou Eustache, de quem você adora ou detesta os filmes", explica.

Desde sua exibição, um dia depois da abertura da Berlinale em 7 de fevereiro, Sangue Negro, do americano Paul Thomas Anderson, com Danel Day-Lewis (indicado ao Oscar pelo papel), é o favorito da imprensa.

"Para usar um termo generoso, a competição tem sido muito regular, com exceção de Sangue Negro", opina o jornal Tagesspiegel. "Mais uma vez, o comitê de seleção enfatizou as figuras belas, sem prestar a atenção necessária às qualidades estéticas e narrativas", critica o jornal berlinense.

Porém, o júri decidirá recompensar a ambiciosa obra de Anderson, na qual Day-Lewis interpreta um duro magnata do petróleo, levando em consideração que o longa-metragem foi reconhecido internacionalmente com oito indicações ao Oscar, além de prêmios no Globo de Ouro e no Bafta britânico?

Por este motivo, não se descartam as chances de um filme menos conhecido, como o poético Lake Tahoe, do mexicano Fernando Eimbcke, ou o alemão Cherry Blossoms-Hanami, de Doris Dorrie, que comoveram o público.

"A Berlinale começou com beleza com beleza com o documentário de Martin Scorsese sobre os Rolling Stones, mas depois de vários dias, emergiu um consenso: os longas em competição exibidos correm o risco de ser eclipsadas pelas que já estão no mercado", opina a revista Screen.

Happy-go-Lucky, do britânico Mike Leigh, um encantador retrato de uma mulher otimista, foi o filme que agradou quase tanto como Sangue Negro.

"Em uma seleção baseada em tragédias malsucedidas e thrillers amorfos, o filme de Leigh constitui uma turbulenta e feliz exceção", destaca o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.

"A Berlinale envelheceu de repente?", questiona a Hollywood Reporter, que cita a idade dos cineastas veteranos selecionados: Amos Kollek (61 anos), Mike Leigh (64), Yoji Yamada (76), Andrzej Wajda (81).

Além disso, a opção por Costa-Gavras, 75 anos, como presidente do júri representa mais uma reverência que um gesto ousado e determinante, acrescenta a revista.

Esta edição do festival também sofreu com a baixa de dois membros do júri, a dinamarquesa Susanne Bier e a francesa Sandrine Bonnaire, que não foram substituídas.

Outro revés foi o fato da atriz francesa Jeanne Moreau, grande assídua da Berlinale a década de 50, não ter assistido à homenagem organizada na terça-feira passada por ocasão de seus 80 anos. A atriz permaneceu em seu quarto de hotel depois de um debate na embaixada francesa com o israelense Amos Gitai, que a dirigiu em Plus tard, tu comprendras, exibido fora de concurso.

AFP

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