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Com rigorosa e depurada linguagem cinematográfica em Ceylan, e suntuosidade de recursos e descrições quase literais em Despechin: em Cannes competiam nesta sexta-feira não só dois filmes, mas também duas propostas cinematográficas totalmente distintas.
Nuri Bilge Ceylan volta a explorar com Três Macacos a complexidade da alma humana e os vínculos de família. Seu filme, intenso e depurado, ofereceu a Cannes um momento de mais pura linguagem cinematográfica: uma obra em que nada é descritivo. Os sentimentos, as dúvidas, as contradições se manifestam mediante diálogos sóbrios, uma câmera que parece entrar no pensamento dos personagens e uma magistral direção dos atores.
Após um acidente de carro, em que um homem morre, um político propõe a seu motorista assumir a responsabilidade. Em troca, sua família seguirá recebendo seu salário e quando ele sair da prisão irá receber uma grande quantia de dinheiro.
A partir dessa premissa, o filme exibe as relações entre a família do motorista e a lembrança de antigos problemas. Os três macacos do título fazem referência aos três animais que cobrem os olhos, a boca e os ouvidos.
"Não ver, não ouvir, não dizer para nos proteger do sofrimento. Isso é o que fazemos sistematicamente na vida", comentou o diretor. "Acredito que a família possui as coisas mais trágicas da vida, o que se vive em uma família é um resumo da sociedade, da vida", afirmou o diretor.
Ceylan é autor, entre outras, de Uzak, vencedor em Cannes do Grande Prêmio do Júri em 2003 e prêmio de interpretação masculina. Por sua parte, Arnaud Desplechin descreve em Un Conte de Noël a reunião anual de uma família burguesa marcada pelo estigma da morte, sempre presente, de uma criança doente.
A família se reúne em Roubaix, cidade natal do cineasta, em volta da mãe que precisa da doação de medula óssea de algum parente para evitar o desenvolvimento de uma doença mortal.
As relações entre os três filhos não são fáceis, marcadas pela morte de um quarto irmão, aos sete anos, por não ter recebido uma doação similar para curar uma doença genética.
Suntuosos movimentos de câmera, riqueza de montagem e um ritmo incessante são as marcas de Desplechin, um cineasta virtuoso que também cuida muito da palavra, quase literária nos diálogos de Um Conto de Natal. Desplechin é um legítimo "filho" do Festival de Cannes, que o lançou em 1991 com La Vie des Morts na Semana da Crítica.
AFP
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