61º Festival de Cannes

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61º Festival de Cannes

Sexta, 16 de maio de 2008, 21h55 Atualizada às 22h01

Walter Salles e Daniela Thomas já estão em Cannes

Orlando Margarido
Direto de Cannes

Diretores parceiros de Linha de Passe, filme que será exibido na competição de Cannes amanhã, Walter Salles e Daniela Thomas reuniram agora a pouco a imprensa brasileira para um bate-papo informal.

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"Por pouco não trouxemos a lata do filme embaixo do braço", disse Salles. "Tivemos que correr muito para aprontar a fita em película; é um alívio não ter de exibi-la no formato digital".

Para usar uma metáfora futebolística - um dos temas que alimenta o filme é o futebol - Daniela brincou que a produção poderia agora se chamar "na marca do pênalti", dada a correria que foi finalizar o processo a tempo da exibição.

Ambos estão exultantes com o convite para a seleção oficial em Cannes, fato que segundo eles foi inesperado. "No início, tínhamos imaginado concorrer nos festivais internacionais do segundo semestre, a exemplo de Veneza", apontou Salles. "Foi uma surpresa que tivemos de honrar com muito apoio e trabalho da nossa equipe; eu estou há sete dias sem dormir; acho que o prêmio já é estar aqui".

Ex-jurado
Salles é um velho amigo do festival e de seu presidente Gilles Jacob. Esteve duas vezes em Cannes como jurado, uma em 2000 e outra em 2002. Reconhece que Linha de Passe é um projeto pequeno, autoral, se comparado a produções como Diários de Motocicleta. Portanto, torna-se mais surpreendente sua seleção para Cannes. "Isso mostra que aos poucos o cinema latino-americano está atraindo olhares atentos dos júris de seleção dos festivais", diz.

"Veja os casos positivos de A Festa da Menina Morta, do Mateus Nachtergaele em seu primeiro filme como diretor, e de Antonio Campos (Afterschool), além de dois estreantes do cinema argentino; isso é muito importante para estruturar novamente o cinema nesses países".

A trama de Linha de Passe se passa na periferia de São Paulo, onde quatro jovens irmãos - entre os atores está Vinícius de Oliveira, de Central do Brasil, e único ator profissional do elenco - lutam por suas aspirações a uma ascensão social e econômica.

Motoboys
O filme foi realizado na Cidade Líder, bairro na extremidade da Zona Leste e contou com a colaboração de moradores, a exemplo dos evangélicos que têm participação na fita e de motoboys reais.

"É um cinema pensado nos moldes do neo-realismo italiano, que sempre me interessa, e com um foco documental, muito voltado às figuras humanas e não ao cenário", justifica o cineasta.

Daniela lembra a realidade diferente que encontraram no bairro do que normalmente se pensa da periferia. "Parece um interior, as pessoas põe as cadeiras na calçada no fim da tarde para conversar; há horários para os ônibus, para os moradores se deslocarem, tudo é muito organizado".

Salles ainda comentou sobre o filme de Pablo Trapero, Leonera, co-produzido pela Videofilmes, empresa que dirige com o irmão documentarista João Moreira Salles. "Acho ele talentosíssimo e foi um grande amigo e colaborador dando palpites no roteiro de Diários de Motocicleta; foi um prazer produzir seu filme".

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