61º Festival de Cannes

› Diversão › Cinema e DVD › Cannes › 61º Festival de Cannes

61º Festival de Cannes

Quarta, 21 de maio de 2008, 07h16

Em Cannes, Gwyneth Paltrow diz que recuperou a vontade de atuar

Carlos Helí de Almeida
Direto de Cannes

Há cinco anos, Gwyneth Paltrow, 35 anos, trocou o estrelato pelos papéis de esposa (do músico inglês Chris Martin, da banda Coldplay) e mãe. A ex-queridinha da América, consagrada com o Oscar aos 25 anos (por Shakespeare apaixonado, 1998), ela ensaia um retorno com uma série de papéis em filmes de prestígio, como Two Lovers, de James Gray, exibido ontem na competição do 61º Festival de Cannes. A atriz diz que estava desiludida com o ritmo alucinado de trabalho em Hollywood.

» 'Two Lovers' é dádiva para Gwyneth Paltrow
» Veja a lista de filmes indicados
» Assista a trailers inéditos
» Leia mais notícias do jornal JB Online

"Acho que, quando estava nos meus 20 anos, trabalhei muito, demais da conta mesmo. Não percebia, na época, que poderia dizer não a um convite", confessa Gwyneth em entrevista ao Jornal do Brasil, num dos salões do hotel Carlton.

"Era como se alguém me apontasse uma arma e eu começasse a correr, correr, até cansar, a ponto de perder completamente a vontade de trabalhar. Até bem pouco tempo, achava que não tinha mais o que dizer na minha profissão".

O desligamento da cena cinematográfica coincidiu com um torvelinho de surpresas, boas e más, em sua vida pessoal.

"Meu pai (o produtor e diretor Bruce Paltrow) morreu, conheci o meu marido, tive minha filha... Descobri que havia um outro tipo de vida na qual poderia me sentir mais feliz. Durante algum tempo, Hollywood ficou associado a um sentimento negativo", diz.

Gwyneth afirma que passou a pensar num retorno mais sólido ao batente depois do nascimento do segundo filho, em 2006.

"Comecei a me sentir como se estivesse saindo de uma espécie de hibernação criativa. Mas só voltaria a trabalhar em algo que me inspirasse, com pessoas que admirasse", continua.

Foi quando surgiu a proposta para interpretar Pepper Potts, a secretária de Tony Stark em Homem de Ferro: "Sempre quis trabalhar com Robert Downey Jr., e minha expectativa em relação a essa parceria se transformou numa experiência excepcional".

A atriz teve a mesma intuição quando o diretor James Gray (Os Donos da Noite) a chamou para fazer Two Lovers, uma tortuosa e sofrida história de amor co-protagonizada pelo ator Joaquin Phoenix (Johnny & June). Em Cannes, Gray confirmou que escreveu os dois personagens especialmente para os dois intérpretes. O longa-metragem, que já tem distribuição garantida no Brasil pela Play Arte, chega aos cinemas no fim do segundo semestre desse ano, dentro da temporada de prêmios.

"Admiro o trabalho do Joaquin há anos. O engraçado é que as pessoas o vêem como um sujeito tranqüilo, relaxado. Mas ele não tem nada disso. É um cara intenso. Mesmo quando está sentando num canto, parado, a gente percebe que muita coisa está se passando na cabeça dele", entrega a parceira.

No filme de Grey, Gwyneth interpreta Michelle, alvo da paixão fulminante de Leonard (Phoenix), rapaz com longo histórico de depressão que volta a viver com os pais (Isabella Rossellini e Moni Moshonov) depois do fracasso do casamento. O problema é que Michelle insiste em manter um caso com um dos seus chefes, um homem casado. A atuação dos dois - particularmente a de Phoenix - ainda repercute positivamente em Cannes dois dias depois da exibição do filme para a imprensa.

"Entendo a obsessão de Michelle por um cara que, a princípio, tem tudo para não fazê-la feliz. Quando eu era muito jovem, me envolvi com alguém que era dependente de álcool e drogas. Mesmo tendo sido criada por pessoas que me amavam e queriam o meu bem, eu não conseguia me desligar daquela relacionamento", confidencia a ex-namorada de Brad Pitt, afirmando que a fase party girl ficou enterrada no passado. "O que eu tenho em casa, hoje, me é muito precioso. Eu me respeito mais como pessoa e como artista". Gwyneth nasceu na aristocracia da indústria do entretenimento americana. Seu padrinho de batismo é o cineasta Steven Spielberg. A atriz afirma que os valores da profissão foram passados pela mãe, a atriz de teatro, TV e cinema Blythe Danner (Um Beijo a Mais).

"Meu pai produzia e dirigia filmes, mas nunca fui exposta ao cinema da mesma forma que fui ao teatro", diz. "Quando pequena, eu costumava acompanhar minha mãe nos ensaios das peças dela. Eu sentava na platéia para observar o trabalho deles no palco. É uma experiência inspiradora para uma menina. Nunca quis ser atriz para ficar famosa; queria fazer o que minha mãe fazia. Tenho o maior respeito pela arte da interpretação e devo isso a ela".

JB Online

Getty Images
Gwyneth Paltrow diz que estava desiludida com o ritmo alucinado de Hollywood
Gwyneth Paltrow diz que estava desiludida com o ritmo alucinado de Hollywood

Busque outras notícias no Terra