61º Festival de Cannes

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61º Festival de Cannes

Quarta, 21 de maio de 2008, 11h42 Atualizada às 11h57

Produções latino-americanas são destaques em Cannes

A velhice e a morte, retratadas no curta A Espera, da brasileira Fernanda Teixeira, abriram nesta quarta-feira um dia intenso para o cinema latino-americano no Festival de Cannes, onde três cineastas de Brasil, Argentina e Chile mostram suas obras, que contrastam com o glamour do tapete vermelho.

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Teixeira, de apenas 23 anos, mostra de forma implacável, nos 15 minutos de filme, a vida de um idoso solitário e culto que decide abandonar seu cachorro.

A morte também está presente em A Festa da Menina Morta, do ator e diretor Matheus Nachtergaele, exibido nesta quarta na mostra alternativa Um Certo Olhar.

Graças a Nachtergaele, o Festival descobrirá Santinho, personagem autor de um suposto milagre relacionado com o suicídio de sua mãe que o transforma em líder de uma comunidade espiritual no alto Amazonas.

Partindo desse ponto, A Festa da Menina Morta retrata os membros da seita e tenta ilustrar a incrível capacidade do ser humano de se apegar à fé e buscar um sentido para o horror da morte.

Outra realidade crua é retratada em Salamandra, longa do argentino Pablo Agüero que estreará esta noite na mostra paralela Quinzena dos Realizadores.

Agüero volta a Cannes com um filme inspirado em sua infância, sua mãe, suas experiências pessoais e em El Bolsón, lugar remoto da Patagônia onde morou, todos eles elementos recorrentes na obra do cineasta precoce, cujos curtas sempre foram muito elogiados.

Em 2006, Agüero ganhou com Primera Nieve - obra na mesma linha de Salamandra - o grande prêmio do júri na competição oficial de curtas-metragens de Cannes, e o prêmio de melhor curta-metragem do Festival de Gijón (Espanha).

Em seu último filme, Agüero conta sua experiência em uma Argentina que já viveu a ditadura, onde uma jovem mãe de 30 anos sai da prisão e vai com seu filho para El Bolsón, refúgio de Renegados dos Quatro Cantos do Mundo, meca do movimento hippie, e que servia de esconderijo para nazistas, insurgentes, milionários ecologistas e alternativos em geral.

Outra grande presença latino-americana em Cannes é a do diretor chileno Alejandro Jodorowsky, que estréia hoje a cópia restaurada de uma de suas principais obras, Santa Sangre, gravada no México em 1989.

O filme conta a história de Fenix, um menino de 12 anos que mora no circo de seu pai, Orgo, um mulherengo atirador de facas que tem sérios problemas com o álcool, e poderá ser redescoberta hoje no espaço Cannes Classics.

Esta seção, criada para cuidar e resgatar grandes obras da sétima arte, é tão fundamental para o certame quanto para a competição principal, a Cinéfondation e o Escritório de Apoio à Criação de Obras-primas.

Jodorowsky conhece bem a Cannes Classics e a Sala Buñuel do Palácio dos Festivais, onde seu filme será projetado hoje, e na qual, há dois anos, viu duas de suas obras que foram restauradas - El Topo (1970) e The Holy Mountain (1973) - serem exibidas.

A diretora argentina Lucrecia Martel, em busca da Palma de Ouro, também estará presente esta quarta em Cannes, com La mujer sin cabeza, ao tempo que o americano Steven Soderbergh apresentará sua nova produção, o esperado Che, cuja temática também deverá agradar o público latino-americano.

Esses filmes se somam a outras contribuições latinas já exibidas no Festival, como Maradona by Kusturica, que levou o ex-jogador Diego Maradona a Cannes, e Los Bastardos, do mexicano Amat Escalante, ambos na seleção oficial, mas que não competem pela Palma de Ouro.

EFE

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