Roteirista de 'Quero ser John Malkovich' não quer ser um gênero

O americano Charlie Kaufman, roteirista de Quero Ser John Malkovich, Adaptação e Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, apresentou na competição de Cannes nesta sexta-feira seu primeiro filme como diretor. Synecdoche, New York segue o artifício habitual de seus roteiros de uma história que permanece entre fantasia e realidade, em trama pronta para confundir o espectador.

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Há um pouco menos de delírio desta vez, talvez porque não exista a parceria, por exemplo, com os diretores Michel Gondry ou Spike Jonze, adeptos do "além da imaginação". Mesmo assim, o filme brinca com a lógica na história de um diretor de teatro (Philip Seymour Hoffman) em crise profunda: está obcecado pela idéia de que vai morrer, tem inúmeras doenças, perde a família e dá início a um projeto megalomaníaco e infinito no teatro.

A similaridade com suas histórias filmadas por outros cineastas levou a uma questão de Kaufman ser o criador de um gênero de cinema. "Espero que isso não aconteça, detesto gêneros", respondeu. "O cinema em que estou interessado justamente vai contra essa idéia de classificação".

Sobre o fato de escolher um diretor como protagonista envolvido numa produção interminável, alguns jornalistas aproximaram o filme de Oito e Meio, de Fellini. Na entrevista para a imprensa, Kaufman contou que nunca viu a fita do diretor italiano e que pode haver sim alguma comparação pelo que ouve falar. "Mas não seria, claro, proposital".

Comentou que, diferente do que se podia esperar, ele não teve medo ou dificuldade de assumir sua primeira posição por trás das câmeras. "Há momentos difíceis e estressantes que são naturais nessa situação, mas tive muita colaboração da equipe e do elenco, todos muito experientes em trabalhos no cinema", disse.

Além de Hoffman, integram o elenco Catherine Keener, Michelle Wiliams, Samantha Morton, Emily Watson e Diane Wiest.