61º Festival de Cannes

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61º Festival de Cannes

Sábado, 24 de maio de 2008, 15h51

Wenders desaponta com 'Palermo Shooting'

Orlando Margarido
Direto de Cannes

"Meu coração bate forte o ano inteiro pelo cinema, e não apenas durante o Festival de Cannes", disse o cineasta alemão Wim Wenders na entrevista que concedeu neste sábado aos jornalistas. Ele respondia a uma pergunta sobre o que representa participar com seu novo filme, Palermo Shooting, na competição pela Palma de Ouro.

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Mas se o coração de Wenders está sempre em pulsação pela arte que desempenha, não se pode dizer que tenha ocorrido o mesmo com o coração dos jornalistas durante a exibição da fita na noite de sexta-feira.

Foi uma batida lenta, sem dúvida, que acompanhou a aborrecida e metafísica história de um fotógrafo alemão (Campino, líder do grupo de punk rock alemão Toten Rosen) que se sente perseguido pela morte, inclusive quando sai de Dusseldorf para trabalhar em Palermo.

Na ensolarada Sicília, ele continua a viver fatos estranhos e ver figuras misteriosas como um homem vestido com um hábito de padre que lhe atira flechas (a habitual participação de Dennis Hopper). Ao conhecer uma bela jovem (Giovanna Mezzogiorno), começa a entender melhor o fascínio que há na cidade pela morte, inclusive celebrada numa festa.

Wender disse que pensou no tema do filme ao conhecer justamente essa tradição da cidade italiana. "E quem conhece meu cinema sabe que gosto de trabalhar algumas angústias e medos que em geral incluem a morte", disse.

"Sempre me impressionou também que pessoas que estiveram muito próximas de morrer não falam exatamente com terror disso, mas comentam sobre uma luz e uma paz, o que me levou a pensar sobre outros pontos de vista da morte, a exemplo dessa curiosa tradição dos moradores de Palermo, que fazem uma celebração chamada 'Festa da Morte'".

O cineasta reconheceu que o protagonista tem muito de seus interesses, como a fotografia, que já rendeu livros publicados com fotos suas, e medos também, a exemplo da cena em que o fotógrafo cai no mar e se desespera. "O medo de água vem da minha infância".

O apuro técnico e da fotografia do filme sustenta plenamente o interesse de Wenders pelo assunto, mas só vem evidenciar o desequilíbrio com a superficialidade dramática. Para os brasileiros, resta uma curiosa citação de São Paulo através de uma fotografia e de uma maquete do Masp.

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