61º Festival de Cannes

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61º Festival de Cannes

Domingo, 25 de maio de 2008, 18h10 Atualizada às 20h33

Revelação brasileira Sandra Corveloni é consagrada em Cannes

A brasileira Sandra Corveloni teve a carreira voltada para o teatro antes de encarnar uma comovente mãe de família em Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas, seu primeiro papel no cinema, pelo qual obteve neste domingo o prêmio de melhor interpretação feminina no 61º Festival de Cannes.

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O prêmio é "totalmente inesperado porque o nosso é um filme coletivo, feito a quatro mãos, e um pouco como 'Rocco e seus irmãos' fala de cinco personagens; o sexto é a cidade de São Paulo", declarou Salles após a entrega de prêmios.

"Ver que grandes atores como Sean Penn, ou mesmo Jeanne Balibar ou Natalie Portman destacaram a atuação da atriz brasileira é emocionante porque sabemos quem é Sandra, uma atriz que nos pareceu extraordinária desde o primeiro teste", acrescentou.

"Isso aconteceu, principalmente, dez anos depois do prêmio de interpretação dado a Fernanda Montenegro em Central do Brasil (no Festival de Berlim) e é incrível que este milagre pudesse se repetir", lembrou emocionado.

Walter Salles e Daniela receberam o prêmio em nome da atriz que não foi a Cannes, por ter perdido um bebê recentemente.

Daniela Thomas fez um pronunciamento em português, enviando uma mensagem de solidariedade à atriz.

Nascida em 1965 em São Paulo, Sandra Corveloni, uma morena de olhar voluntarioso, trabalhava no teatro até se juntar ao grupo de Eduardo Tolentino, atuando ao mesmo tempo como atriz e assistente.

Debutou no cinema em curtas-metragens Flores Ímpares de Sung Sfai e Amor de José Roberto Torero.

Em Linha de Passe, ela faz o papel de Cleuza, mãe de família de um bairro popular de São Paulo, que vive às voltas com problemas financeiros, mas estando sempre disponível para seus filhos. Sua atuação sóbria e tocante emocionou o júri.

Rodado com um pequeno orçamento, o filme acompanha também as expectativas e os sonhos abortados dos quatro filhos de Cleuza.

Dario, por exemplo, queria ser jogador mas vê com angústia chegarem os 18 anos, que cortarão suas esperanças de tornar-se profissional; Dinho trabalha num posto de gasolina e freqüenta com assiduidade a igreja do bairro; Denis vai de uma namorada a outra e sobrevive.

O mais jovem, Reginaldo, sai à procura de um pai desconhecido que sabe ser motorista de ônibus.

Grávida de um quinto filho, Cleuza perde seu emprego de diarista, mas se dedica, com todas as forças, a embelezar o cotidiano de seus filhos.

Com este filme de ficção realista, comovente e sóbrio, o cineasta Walter Salles disse querer fugir da grande dramatização, evitando fechar seus personagens num determinismo social, mas com um olhar direcionado à juventude brasileira. Evita todos os tópicos sobre a juventude condenada à violencia.

A própria existência do filme é considerado um milagre porque não tem atores conhecidos mostrando, por trás das câmaras, uma equipe muito jovem, segundo os dois diretores.

AFP

Daniela Thomas/Divulgação
Sandra Corveloni é Creuza em 'Linha de Passe', de Walter Salles e Daniela Thomas
Sandra Corveloni é Creuza em 'Linha de Passe', de Walter Salles e Daniela Thomas

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