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"'Woodstock' é sobre quando era possível ser feliz", diz Ang Lee

16 mai 2009 - 11h41
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Música, paz, drogas, sexo & rock 'n' roll. Esses são os elementos em geral que atraíram o olhar do diretor Ang Lee para o momento histórico de Woodstock, o famoso evento que reuniu quase 200 mil pessoas numa propriedade rural do estado de Nova York durante três dias de agosto de 1969. As razões para realizar Taking Wooodstock, apresentado na competição oficial de Cannes, não diferem muito do imaginário mundial quando se trata do tema - especialmente para os hippies que lá estiveram.

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Então por que esse realizador que tinha 15 anos quando tudo aconteceu, nascido em Taiwan, onde ainda mora parte do tempo, e com carreira de sucesso em Hollywood se lançou sobre esse símbolo de ruptura na cultura americana? "Claro que a música foi importante na minha juventude em Taiwan, mas para mim (Woodstock) significa um período em que ainda era possível ser feliz; é antes de tudo um filme sobre a felicidade", disse Lee nesta manhã, durante conversa com jornalistas.

Apesar dessa visão mais emotiva, o cineasta também justificou a escolha de filmar o início de Woodstock de modo mais detalhado. "Foi um último momento de inocência, em que jovens foram contra o 'establishment', as convenções sociais, se sentiram livres para fazer o que quisessem e foram se integrar à natureza; e claro, a música foi importante na minha adolescência, além de adorar a idéia das drogas, sexo e rock 'n' roll".

Isso não significa que Lee tenha se focado na festa procurando jovens nus, drogados, adeptos do amor livre e em ritmo frenético de sexo. Nem fez uma grande produção incluindo os concertos de nomes como Janis Joplin, Jimi Hendrix e Joan Baez. Na entrevista, Taking Woodstock foi qualificado como um filme pequeno sobre um grande momento. "Concordo, porque todos já sabem o que significou aquilo para a multidão que estava lá". E prosseguiu: "Só me interessei em fazer um filme porque surgiu um ponto de vista novo, mais pessoal, de um drama de quem estava lá e viu tudo acontecer de dentro".

Lee se refere à história do jovem Elliot Tiber contida no livro escrito por ele mesmo em parceria com Tom Monte e que serviu ao roteiro de James Schamus. Para resgatar as dívidas do hotel de seus pais numa pacata cidadezinha do interior, Tiber (interpretado pelo comediante de TV Demetri Martin) teve a idéia de arrendar a propriedade para os organizadores de um show. É quando surgem nomes como Michael Lang, um dos fundadores do futuro evento, que, no entanto, acaba por acontecer numa fazenda muito maior nas vizinhanças. Sem ter noção do tamanho da empreitada, todos são surpreendidos com a marcha dos milhares de hippies em direção ao local.

O cineasta se atém mais ao drama pessoal de Tiber, sua relação distante com os pais (Henry Goodman e Imelda Stauton), a dúvida da sexualidade e a descoberta de um novo mundo logo ali ao lado, impulsionado pelo LSD. Dos famosos shows, só se ouve a música longínqua.

Lee fez questão de não incluir nenhuma imagem documental do período. "Quando terminei o filme, vi que aquilo era um documentário, tudo estava ali; então não precisaria incluir imagens documentais, pois isso já foi feito e muito melhor", justificou, referindo-se ao documentário Woodstock, de 1970.

Lee, que está em cartaz no Brasil com Desejo e Perigo, vencedor do Leão de Ouro de Veneza 2007, um retorno às suas origens, comentou ainda o fato de se interessar por temas tão americanos.

São a Guerra Civil em Cavalgada com o Diabo, os cowboys em O Segredo de Brokeback Mountain, o universo dos heróis em quadrinhos em Hulk e a liberação dos costumes nos anos 60 e 70 em Tempestade de Gelo, assunto a que volta agora.

"Acho que isto está ligado a minha formação na juventude, quando recebi com atraso influências pela via da televisão, e que só me dei conta quando adulto, quando já estava fazendo cinema".

Ang Lee tentou dar novo olhar sobre festival de música de 1969
Ang Lee tentou dar novo olhar sobre festival de música de 1969
Foto: Getty Images
Fonte: Especial para Terra
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