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"Massacres como o do filme são comuns", diz diretor filipino

17 mai 2009 - 08h14
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Nem o banquete de sangue dos vampiros de Thirst, nem os tiroteios estilizados de Vengeance, filme do diretor de Hong Kong Johnnie To exibido esta manhã na competição oficial. A cena mais brutal e chocante até agora em Cannes foi trazida pelo filipino Brillante Mendoza em seu Kinatay. Um grupo de homens, entre eles um policial, rapta uma prostituta que tem uma dívida pendente e a leva para uma casa abandonada.

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Ali ela continua a ser torturada, é estuprada e finalmente esquartejada com faca e machado. Não é adiantar todo o mote do filme contar essa passagem. Mais do que a carga explícita de violência, o que importa para o diretor é como mostrá-la e o seu significado para quem a desfere e a acompanha de perto, no caso um jovem estudante da academia de polícia atraído pela chance de ganhar um dinheiro. O personagem, explicou Mendoza em entrevista nesta manhã, seria o olhar que leva a platéia para dentro do filme e mais próximo do horror.

Nem todos os presentes na sessão competitiva ontem à noite gostaram da experiência. Poucos aplausos e algumas vaias definiram a polêmica da fita. Mas Mendoza já está habituado com a provocação de seu trabalho, a julgar por reação semelhante a Serbis no ano passado.

Mas neste caso, a repugnância que sentiram alguns não dizia respeito à brutalidade da violência, e sim à rudeza que se impunha constantemente na tela. Em Kinatay, em tradução livre algo como massacrado, Mendoza buscou na crônica policial, segundo explicou, a trama de seu filme.

"Esses casos são constantes nas Filipinas e as pessoas se acostumaram a ler sobre essas mortes, sem mais dar conta de seu horror", disse. "Eu pretendi com o filme mostrar a brutalidade da forma mais crua possível e assim tirar a banalidade desse atos que o jornais trazem com freqüência".

O questionamento em geral na entrevista disse respeito à forma explícita, detalhada e exasperante com que Mendoza vai construindo seu "fait divers", a expressão que se usa aqui na França para fatos grostescos da crônica policial. Além de uma câmera nervosa, o diretor usa recursos como cenas escuras, em que muitas vezes não se distingue o que acontece e o tempo real, este uma marca que começa a ser associada a seu trabalho.

Ele explicou que para realizar este que é seu filme de produção mais complicada pensou muito nos filmes filipinos dos anos 60 sobre crimes voltados ao entretenimento. "São muito populares ainda; como estão no imaginário dos filipinos, eu precisei me distanciar desse formato para que meu filme não parecesse entretenimento; daí a opção dos detalhes, do tempo real, que permite ao espectador acompanhar como se estivesse fazendo parte do processo".

Cineasta Brillante Mendoza posa para fotos em Cannes
Cineasta Brillante Mendoza posa para fotos em Cannes
Foto: Getty Images
Fonte: Especial para Terra
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