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As duas palavras mais feias do Festival de Cinema de Cannes este ano, para os chineses, são: Summer Palace (Palácio de Verão).
O drama de Lou Ye, que integra a competição oficial e está sendo exibido sem a aprovação do governo chinês, inclui não apenas cenas de sexo explícito, mas também imagens da infame repressão das manifestações estudantis na Praça da Paz Celestial, em Pequim, em 1989.
Outros cineastas chineses em Cannes, eternamente dependentes dos caprichos de seu governo, vêm fazendo questão de distanciar-se de Summer Palace, como ficou claro pelo caos criado numa coletiva de imprensa recente sobre o filme The Banquet (O Banquete), de Feng Xiaogang.
Uma onda de pânico percorreu o recinto quando um jornalista belga mencionou as palavras "censura" e Summer Palace na mesma sentença.
O jornalista nem terminara de formular sua pergunta desajeitada sobre cenas de nu no trailer de The Banquet quando foi interrompido, primeiro pelo mediador, depois por um dos atores do filme, Daniel Wu.
Desde a platéia, o empresário da atriz Zhang Ziyi, Ling Lucas, pediu a Wu que "fizesse a coisa andar". "Acho que isso responde à pergunta sobre a censura", comentou o jornalista, derrotado, depois de ser interrompido várias vezes.
A coletiva de imprensa já havia começado em clima sombrio quando a mídia foi avisada que perguntas "não relacionadas a The Banquet não são bem-vindas".
E ela degringolou ainda mais quando Zhang, numa tentativa de exibir seu recém-conquistado domínio da língua inglesa, começou a interromper os intérpretes para acrescentar suas próprias traduções.
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