Cannes 2007

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Segunda, 14 de maio de 2007, 08h28  Atualizada às 14h05

Thierry Frémaux é o todo-poderoso do Festival de Cannes

AFP

Thierry Frémaux é o diretor artístico do Festival de Cannes
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Desconhecido do grande público, mas todo-poderoso no restrito mundo do cinema, Thierry Frémaux escolhe os filmes da mostra oficial do Festival de Cannes, uma verdadeira maratona que este homem, mais cinéfilo que mundano, enfrenta com prazer.

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Durante entrevista recente, o diretor artístico do mais importante festival de cinema do mundo bebeu cafés duplos e não perdia de vista o telefone celular, que não parava de tocar.

Frémaux, 46 anos, assiste entre quatro e seis filmes por dia e "800 por ano" em seus escritórios em Paris, Coréia e Brasil, onde procura novos talentos. Uma maratona para a qual "é preciso estar em forma, comer moderadamente, não beber e dormir bem", contou, lembrando, com um sorriso nos lábios, que não está longe o dia em que estará perto dos filhos, de dois e quatro anos.

Perguntado se recebe pressões, respondeu categoricamente: "nem pressões, nem presentinhos". "Quando um cineasta ou produtor me diz, 'Você verá que meu filme é o mais belo da história do cinema', eu não digo que isto seja pressão", afirmou.

No entanto, apenas três filmes franceses num universo de 80 a 100 candidatos integram a competição, razão pela qual "todo mundo está tenso", explicou. "Mas nossas opiniões são sempre respeitadas", emendou, rapidamente.

Esta credibilidade se baseia em um paciente "trabalho de relações" com os cineastas, alguns dos quais, como Terrence Malick, Wong Kar-wai e Clint Eastwood, viraram amigos.

Frémaux disse que entende os diretores e lamenta quando seus filmes são mal recebidos. "Em outros festivais, a partir de três bons filmes se considera a edição um sucesso. Em Cannes, as pessoas esperam duas obras-primas por dia", comentou.

Quando assumiu o cargo, em 2001, Thierry Frémaux se propôs a trazer de volta as grandes produtoras americanas e abrir o festival para filmes de gênero ou de animação.

Alguns acham que ele se deixou seduzir pelos dólares de Hollywood, ao receber, em caráter "hors concours", superproduções como Matrix e O Código Da Vinci. Outros acham que ele deve dar mais espaço para os novos talentos em um festival visto, com freqüência, como "o evento dos cineastas confirmados".

Emmanuel Burdeau, chefe de redação da revista Cahiers du Cinéma, diz ser impressionante que Frémaux se tenha "imposto com serenidade em um cargo tão cobiçado". "Suceder Gilles Jacob, ao mesmo tempo um grande diplomata e um grande cinéfilo, pertencente à geração da Nouvelle Vague, era uma tarefa temível", afirmou.

Diretor artístico de Cannes durante quase um quarto de século, hoje seu presidente, Gilles Jacob se disse satisfeito com o substituto, ao afirmar que Frémaux "teve sucesso em suas seleções" e "tem o trabalho mais belo do mundo".

Nos anos 1990, Thierry Frémaux assumiu a direção do Instituto Lumière, a cinemateca de Lyon, onde começou a colaborar como voluntário quando estudava história social do cinema e que hoje continua dirigindo.

AFP
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