Cannes 2007

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Segunda, 14 de maio de 2007, 09h03  Atualizada às 14h41

Lorde inglês descobriu Cannes graças a uma epidemia de cólera

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Cannes não teria a notoriedade que possui se as férias de um lorde inglês não tivessem sido frustradas por uma epidemia de cólera na primeira metade do século XIX.

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Em 1834, Lord Harry Brougham and Vaux, ex-chanceler da Inglaterra, pretendia passar o inverno na Itália, como era moda na época, para tratar sua filha Eleonore, provavelmente enferma de tuberculose.

Porém, eles foram proibidos de cruzar a fronteira entre a Provença francesa e a Riviera italiana, marcada na época pelo rio Var. Na ocasião foi declarada uma epidemia de cólera na região, o que provocou um bloqueio sanitário em toda a zona.

"Descontente, Lord Brougham deu meia volta e parou na única hospedaria de Cannes, que na época tinha apenas entre 3 mil e 4 mil habitantes, essencialmente pescadores", conta Vouland, vice-prefeito de Cannes e um estudioso da história.

Le Relais de la Poste, a hospedaria em questão, e seu dono, chamado Pinchinat (que já havia recebido o Papa Pio VII quando este seguia para Paris em 1804 para coroar Napoleão), marcou o destino do lorde inglês e do vilarejo francês. A lenda local garante que a "bouillabaisse", a sopa de pescado típica da região, servida pela estalagem, foi o que convenceu o aristocrata a permanecer em Cannes.

Em agosto de 1835, a primeira pedra da suntuosa mansão Villa Eleonore foi colocada entre pinheiros e hortas, no caminho de Frejus. Assim nasceu o 'bairro dos ingleses'. "Ex-ministro da rainha, Brougham atraiu toda a aristocracia. Ele inventou a Cannes moderna", afirma Vouland com entusiasmo.

Os ingleses viajaram em massa, assim como os russos, graças a uma história tão curiosa como a da epidemia de cólera. O cônsul da França em Moscou, Eugène Tripet, e sua esposa, a abastada Alexandra Feodorovna Skypitzine, também tiveram que fazer uma parada forçada em Cannes durante uma viagem para a Itália em 1848. Toda a corte do czar foi atraída rapidamente pelo sol do Mediterrâneo.

O desfile de aristocratas também provocou as viagens de muitos artistas e escritores. Um deles, Stephen Liégeard, encerrou em Cannes um livro ilustrado ao fim de uma caminhada pela Riviera. A obra não entrou para a posteridade, mas seu título sim: A costa azul.

AFP
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