Cannes 2007

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Terça, 15 de maio de 2007, 10h32  Atualizada às 10h54

Michael Moore vai a Cannes com 'Sicko', crítica à saúde nos EUA

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Michael Moore volta ao Festival de Cannes com Sicko, outro documentário mordaz que lança seus dardos contra o sistema de saúde americano no momento em que o cineasta é alvo de críticas entre seus colegas e de investigações por parte de Washington.

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Moore chega ao 60º Festival de Cannes com a fama internacional obtida neste mesmo festival em 2002 por Tiros em Columbine e pela Palma de Ouro em 2004 por Fahrenheit 11 de Setembro, mas fustigado por um documentário que critica seus métodos cinematográficos realizado por seu mesmo movimento ideológico.

Ao mesmo tempo é alvo de uma investigação do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos por uma eventual violação do embargo a Cuba: Moore levou para a ilha um grupo de pessoas para que recebessem tratamentos médicos após terem trabalhado nas buscas dos atentados de 11 de setembro de 2001. O episódio ocorreu durante as filmagens de Sicko.

Depois de ter abordado o uso de armas nos Estados Unidos em Tiros em Columbine e a "guerra contra o terrorismo" em Fahrenheit 11 de Setembro, Moore afia a câmera para denunciar o sistema de saúde de seu país.

Na produção, este diretor alto, gordo e com seu inseparável boné de beisebol, mete o dedo na ferida, criticando um sistema em que seus compatriotas dependem dos patrões para ter uma assistência médica.

Sicko (louco, doente), será apresentado na mostra competitiva no balneário francês e, de acordo com o seu diretor, "é uma comédia sobre as quase 45 milhões de pessoas sem sistema de saúde no país mais rico do mundo", disse em 2006, acrescentando que seu trabalho se fundamentava no testemunho de 19 mil pessoas.

Alimentando a fama de provocador, Moore decidiu levar para Cuba um grupo de americanos que trabalharam nas ruínas das torres derrubadas do World Trade Center, onde adquiriram doenças respiratórias, entre outras, que não eram cobertas por suas seguradoras ou simplesmente doentes sem direito a nenhum tipo de cobertura.

Agora a investigação da qual é alvo por possível violação do embargo poderá se tornar uma inesperada publicidade para a estréia de Sicko. No entanto, alvo de ataques freqüentes da ala mais conservadora dos Estados Unidos, Moore enfrenta este ano uma crítica com sabor amargo por ter saído de seu próprio campo intitulada Fabricando Polêmica (Manufacturing Dissent).

Trata-se de um documentário realizado por ex-admiradores do diretor de sorriso bonachão, Rick Caine e Debbie Melnyk, que após uma pesquisa questionam diante das câmeras a franqueza dos métodos utilizados por Moore para armar suas denúncias. "Queríamos fazer um filme sobre uma pessoa que admiramos, alguém que queríamos prestar uma homenagem", explicou Caine em abril em Toronto.

Mas Caine e sua companheira descobriram o exagero de alguns fatos e o uso de algumas gravações fora de contexto. O título Manufacturing Dissent faz referência explícita ao livro Manufacturing Consent (A manipulação da opinião pública) do lingüista Noam Chomsky, e nele os diretores afirmam ter descoberto que Michael Moore conseguiu até duas entrevistas com Roger Smith, presidente da General Motors que é centro do argumento do filme Roger e eu de 1989.

Neste caso particular o grave, segundo os autores de Manufacturing Dissent, é que o fio condutor deste trabalho se baseava na rejeição de Smith em conceder uma entrevista ao documentarista, cuja técnica está centrada no papel de 'justiceiro' de Moore.

O cineasta não reagiu a esta controvérsia, enquanto Caine ressaltou no festival "Hot Docs" de Toronto que com Manufacturing Dissent tinha "a impressão de combater para defender a essência vital dos documentários".

AFP
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