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Quinta, 17 de maio de 2007, 12h11 Atualizada às 13h24 Fincher e Mungiu levam lado obscuro da alma para Cannes |
O muito divulgado Zodíaco, do americano David Fincher, e o tão humilde como soberbo 4 luni, 3 saptamini si 2 zile, do romeno Cristian Mungiu, levaram, nesta quinta-feira, o lado obscuro da alma humana para a competição pela Palma de Ouro, no Festival de Cannes.
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O primeiro, protagonizado por Jake Gyllenhaal, Mark Ruffalo, Robert Downey Jr. e Chloë Sevigny, era aguardado com ansiedade desde que Fincher anunciou seu retorno a um tema - assassinos em série -, que em 1995 o levou ao auge graças ao sucesso mundial de Seven - Os Sete Crimes Capitais.
No entanto, quem buscar semelhanças entre os filmes sairá frustrado de Zodíaco. No filme, Fincher deixa de lado sua capacidade para imaginar tramas e se concentra em um caso real, o do "assassino do zodíaco" que aterrorizou São Francisco no início dos anos 70, sem que jamais fosse capturado.
O filme - que estréia dia 1º de junho - tem a enorme virtude de não deixar suas mais de duas horas e meia de duração se tornarem eternas, graças à vivacidade da montagem e uma ambientação excelente.
No entanto, deverá decepcionar os seguidores do Fincher mais imaginativo, como o de Seven, Vidas em Jogo (1997) e Clube da Luta (1999), pois se limita a fazer um filme de gênero muito correto, mas que nos Estados Unidos saiu rapidamente de cartaz com uma arrecadação de US$ 33 milhões.
Fincher parece ter sofrido do mesmo problema que os policiais que investigam o caso: ter de analisar muitos dados, o que prejudica o desenvolvimento dramático dos personagens. O lado bom são as atuações de Gyllenhaal, Ruffalo e Sevigny, que hoje acompanharam o diretor na entrevista coletiva após a exibição.
"Tive que dar lugar no filme para explicar o que aconteceu, por isso não podia introduzir muitos elementos que dispersariam desse objetivo", reconheceu Fincher, que era criança quando ocorreram os fatos narrados. "Lembro o que era ir para a escola e ser escoltado pela Polícia para nos proteger", disse o cineasta. Hoje, Fincher considera o pânico vivido na época "uma forma antiga de terrorismo".
A opinião é diferente da expressada com ironia por Gyllenhaal, que afirmou que "há um assassino do zodíaco em todas as famílias". O contrário do que foi dito sobre Zodíaco é aplicável ao magnífico e duríssimo 4 luni, 3 saptamini si 2 zile, sem dúvida o melhor filme visto até agora no festival e com potencial para se destacar no dia 27 durante a distribuição dos prêmios.
Com um estilo sóbrio no qual não sobra nem falta um só plano, o filme do romeno Mungiu é capaz de, a partir de uma trama mínima e que transcorre em só um dia, saber apresentar o melhor e o pior da alma humana com magistral talento. Para isso, o filme, ambientado na Romênia comunista do fim dos anos 1980, conta com um elenco, no qual se destacam Anamaria Marinca, Laura Vasiliu, Vlad Ivanov e Alex Potocean.
Os quatro, mas com claro destaque para Marinca, apresentam uma história sobre um tema polêmico - o aborto clandestino - que é mostrado com toda dureza, o que fez muitos críticos e jornalistas se revolverem nos assentos.
A dureza de muitas imagens, não aptas para estômagos delicados, são acompanhadas com uma realização impecável, com câmera no ombro, na qual o diretor de fotografia Oleg Mutu usa com habilidade não só os interiores frios, mas os exteriores escuros.
O filme, em resumo, na qual Mungiu, jornalista e ex-professor que estreou como diretor com Occident (2002), dá esperança ao cinema da Romênia, embora o país "esteja totalmente fora do 'star-system'", como ele mesmo reconheceu hoje.
Sobre a dureza de algumas imagens, Mungiu disse que eram importantes porque o filme "não é sobre uma situação, mas sobre as emoções em geral e as conseqüências das decisões tomadas, e era preciso mostrá-las", explicou em entrevista coletiva junto com Vasiliu, Ivanov, Potocean e Mutu.
O filme também deixa aparentemente soltos alguns detalhes, porque ele "acaba, mas a história continua, porque é uma parte da vida", ressaltou Mungiu na vazia sala de imprensa, que pouco antes estava cheia de jornalistas atraídos pelo brilho das estrelas que integram a constelação de Zodíaco.