Cannes 2007

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Quinta, 17 de maio de 2007, 17h17  Atualizada às 17h18

'A Via Láctea' abre a participação latino-americana em Cannes

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A Via Láctea, da brasileira Lina Chamie, o primeiro dos vários filmes latino-americanos selecionados no 60º Festival de Cannes, é uma viagem vertiginosa pela alma humana e pela cidade de São Paulo.

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Apresentado nesta quinta-feira na mostra paralela Semana da Crítica, o filme parte de um rompimento amoroso. Depois de uma violenta discussão por telefone, Heitor (Marco Ricca), um escritor e professor de literatura, decide ir ao encontro da namorada, Júlia (Alice Braga), muito mais jovem que ele, e mergulha numa viagem interminável por uma cidade de trânsito paralisado pelos engarrafamentos.

Os sentimentos sucessivamente contraditórios de Heitor vêm à tona durante sua jornada por uma paisagem urbana de sonho, quando não de pesadelo. Ele atravessa a cidade, com a qual mantém um diálogo permanente. A vida e a pulsação de São Paulo fazem parte da história tanto quanto a história de amor, as hesitações e os medos do protagonista.

A narração é fragmentada, a câmera se fixa nos imensos jogos de luzes da noite paulistana, dos faróis dos carros à luz das estrelas, enquanto a música de Schubert e Mozart, que se funde com o barulho da cidade, aparece como um elemento dramático de narração tão importante, às vezes mais, que os diálogos.

A Via Láctea é um filme totalmente original, com o qual Lina Chamie assumiu o risco de experimentar uma linguagem cinematográfica ousada e ambiciosa. E isto com um orçamento mais do que limitado, visto que o filme custou apenas cerca de US$ 405 mil, e pôde ser finalizado graças à ajuda da empresa Ibermedia e do Prêmio Casa de América da mostra Cinema em Construção.

No entanto, a diretora brasileira diz que seu ponto de partida "foi o coração". "Acho que é uma história sobre o amor, o rompimento amoroso, a dor e a morte. Finalmente, (são) temas muito universais, sentimentos comuns a todas as pessoas", disse em entrevista à AFP, após a primeira exibição de seu filme em Cannes.

"O cinema nos proporciona uma coisa mágica: poder contar uma história de forma que se possa acompanhar os sentimentos interiores e não os acontecimentos exteriores", acrescentou, qualificando seu filme de "viagem interior".

A cineasta prestou uma homenagem a seus atores, que segundo ela deram "muitas coisas aos personagens".

Alice Braga (Cidade de Deus, Cidade Baixa) "é uma atriz muito jovem, muito vital, muito carismática. Não é uma pessoa de palavras, é uma atriz que trabalha o sentimento. Era perfeita para interpretar Julia". E Marco Ricca (O Maior Amor do Mundo, O Invasor) "é um ator muito intelectual. Os dois tinham características muito próximas ao que eu queria refletir na tela", explicou.

A Via Láctea é o segundo longa-metragem de Lina Chamie, depois de Tônica dominante (2003), com o qual ganhou vários prêmios internacionais.

Redação Terra