Cannes 2007

Sites relacionados

Cannes 2007

Segunda, 21 de maio de 2007, 09h53 

Van Sant e Seidl provocam sentimentos opostos em Cannes

Busca
Saiba mais na Internet sobre:
Busque outras notícias no Terra:

O dia nublado em Cannes, que pôde ser comparado ao espírito do festival este ano, foi o cenário perfeito para a exibição em competição dos filmes Paranoid Park, de Gus Van Sant, e Import/Export, de Ulrich Seidl.

» Veja a lista dos indicados!
» Assista a trailers inéditos!

Provocando sentimentos opostos entre a imprensa, os dois concorrem à Palma de Ouro, prêmio máximo do festival, e trouxeram novidades a Cannes.

O americano Van Sant mostra uma história baseada no romance homônimo de Blake Nelson e centrada no mundo dos skatistas, a juventude cuja vida gira em torno do skate e, neste caso, em torno de um parque construído por eles mesmos e uma tragédia que ocorre em suas imediações.

E, assim como os skatistas, o filme às vezes anda bem sobre rodas e em outros momentos acaba caindo, até mesmo por motivos alheios a ele, como o problema técnico que obrigou a suspender durante alguns minutos a exibição para a imprensa, encerrada com um aplauso pouco entusiasta.

Van Sant volta a tratar do entorno juvenil, como fez em Elephant, que há quatro anos lhe deu o prêmio de melhor diretor e a Palma de Ouro, a que concorre pela terceira vez, depois de Last Days, em 2005.

Uma das curiosidades da produção é que parte do elenco foi formado usando o site de relacionamentos MySpace, um dos favoritos dos jovens.

"Acho que foi algo já feito antes, e não é raro, porque o MySpace é muito grande e popular. Mas também distribuímos panfletos e cartazes em lojas de discos para buscar atores", disse Van Sant.

"Gosto de trabalhar com amadores, pois fazem as coisas parecerem mais naturais", acrescentou. Também estiveram na coletiva os jovens atores Gabe Nevins, Taylor Momsen e Lauren McKinney, além dos diretores de fotografia Chris Doyle e Rain Kathy Li.

Doyle e Kathy Li foram os responsáveis por alguns dos aspectos mais interessantes do filme, na qual se misturam partes rodadas em 35 mm - as dramáticas - com outras em super 8 e vídeo, nas cenas de skating que ilustram o filme.

O australiano Doyle, que trabalhou com Van Sant em um de seus filmes mais criticados - a refilmagem plano a plano de Psicose, em 1998 -, apresenta agora um trabalho muito diferente dos anteriores.

O australiano foi elogiado graças a sua colaboração com cineastas como Chen Kaige (Temptress Moon), Zhang Yimou (Hero) e, sobretudo, Wong Kar Wai (In the Mood for Love, Happy Together, Chongqing Express, 2046, entre outros).

O filme também utiliza - em excesso, para o gosto de alguns - o recurso da câmera lenta, principalmente nas partes rodadas entre os skatistas, "para captar toda a experiência física e emocional", explicou Doyle.

Mas, se Gus Van Sant gerou sentimentos contraditórios, Ulrich Seidl teve o seu Import/Export muito mais bem recebido. No longa, o cineasta austríaco, mais conhecido como documentarista (Tierische Liebe, Models), retorna à ficção após Hundstage, que venceu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza.

No entanto, Import/Export, uma história centrada na busca da felicidade além das fronteiras, inclusive entre vida e morte, é uma ficção com muitos elementos de realidade, começando pelos cenários e atores.

"Nenhum dos atores tinha estado antes na frente de uma câmera", afirmou Seidl na exibição para a imprensa da fita sobre os protagonistas, a ucraniana Ekateryna Rak e o austríaco Paul Hofman.

Rak, por exemplo, foi enfermeira, enquanto Hofman estava desempregado, assim como seu personagem no filme, rodado na Ucrânia e na Áustria.

Com enquadramentos de enorme expressividade, o longa provoca uma sensação de veracidade que surge, em parte, com as locações verdadeiras, inclusive do escritório de trabalhadoras do sexo na internet, que propicia um dos momentos mais memoráveis do filme.

Pleno de humor e tragédia, de surrealismo e realidade, Import/Export deverá ser considerado um possível premiado - mesmo com suas mais de duas horas de duração um pouco exageradas -, que pelo menos trouxe um sopro de ar fresco à abatida competição oficial.

EFE
Agência EFE - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da Agência EFE S/A.