Cannes 2007

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Terça, 22 de maio de 2007, 15h55  Atualizada às 16h20 Scorsese cria fundação para preservar filmes antigos

AFP

Martin Scorsese lançou a fundação para conseguir patrocínio para os países sem tradição no cinema

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O diretor Martin Scorsese, 64 anos, inaugurou nesta terça-feira a Fundação Mundial de Cinema, que tem por objetivo preservar filmes esquecidos e restaurar outros que foram danificados.

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O evento reuniu diretores de todo mundo, como o brasileiro Walter Salles, o britânico Stephen Frears, o mauritano Abderrahmane Sissako, o italiano Ermanno Olmi, o marroquino Ahmed Al Maanouni, o malinês Souleymane Cisse, o turco Fatih Akin e o chinês Wong Kar-Wai, entre outros.

Inspirado por uma iniciativa semelhante nos Estados Unidos, criada por ele mesmo, George Lucas, Steven Spielberg e Clint Eastwood, a fundação, uma entidade sem fins lucrativos, foi lançada formalmente no Festival de Cinema da Cannes.

"Isto remete à fundação da fundação de cinema nos Estados Unidos", disse Scorsese em entrevista aos jornalistas.

"A fundação americana foi aberta em 1990 e, nos últimos 16 anos, a situação nos EUA de fato mudou em termos da restauração de filmes e preservação de arquivos."

Criador de clássicos que como Taxi Driver, Touro Indomável e Caminhos Perigosos, Scorsese, que finalmente recebeu um Oscar em 2007 por Os Infiltrados, disse que já é tarde demais para salvar muitos filmes velhos.

"Nos EUA, sabemos que 90 por cento dos filmes mudos já desapareceram. Sabemos que todos os filmes americanos feitos antes de 1950 se foram ¿ não existe nada."

O lançamento da fundação está sendo marcado, no Festival de Cannes deste ano, com a exibição de filmes marroquinos, brasileiros e romenos de a partir de 1931.

A tarefa da fundação pode ser lenta e trabalhosa. Scorsese disse que um filme pode levar até dez anos para ser localizado e 15 anos para ser restaurado.

No anúncio da fundação, Scorsese estava acompanhado por vários diretores, incluindo o chinês Wong Kar Wai, o britânico Stephen Frears, que este ano preside o júri de Cannes, e o mexicano Alejandro González Iñárritu.

Scorsese disse que o cinema é tanto educação quanto entretenimento.

"Pelo fato de ter nascido numa família de classe operária em Nova York, meus pais não tinham instrução e não tinham o hábito de ler livros, eu ia muito ao cinema", disse ele. "O cinema me abriu um mundo novo. Fui alimentado pela cultura dos filmes."

Ele argumentou que a compreensão de outras culturas também pode nutrir a tolerância.

"O mais importante é que, quando você começa a compreender outras culturas ou achá-las menos estranhas, através do cinema, isso pode levar a algum tipo de entendimento político."