Cannes 2007

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Sábado, 26 de maio de 2007, 13h24  Atualizada às 14h15

Viúva de Litvinenko se emociona com documentário

Reuters

Marina Litvinenko divulga o filme ao lado do diretor Andrei Nekrassov
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Marina Litvinenko, viúva do ex-espião russo Alexander Litvinenko, mostrou-se hoje muito emocionada, após a estréia no 60º Festival de Cannes de um documentário sobre a história do assassinato de seu marido por envenenamento com a substância radiativa polônio 210, em Londres, em novembro do ano passado.

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"Estou orgulhosa de estar aqui. Não tinha visto o filme, e não tinha certeza se seria capaz de vê-lo. Foi muito difícil", declarou, na entrevista coletiva após a exibição de A Rebelião: o caso Litvinenko, do russo Andrei Nekrasov.

"Sempre mostravam Sacha (apelido de Alexander), na Rússia, como um traidor e um criminoso, coisas que nunca foi", acrescentou sua viúva. "É muito importante saber o que aconteceu em Londres em novembro" e, embora "Cannes se concentre nas superestrelas e nos negócios, às vezes, também é necessário ver um documentário, mesmo que seja um filme triste", defendeu.

A estréia em Cannes de A Rebelião: o caso Litvinenko foi anunciada somente há três dias, depois que o caso voltou a ser destaque esta semana. A Promotoria britânica pediu a Moscou que extraditasse um suspeito do assassinato, o agente russo Andrei Lugovoi.

Antes de morrer, Litvinenko acusou o presidente russo, Vladimir Putin de assassiná-lo. O governante é a figura mais entrevistada no documentário de Nekrasov, que compareceu, neste sábado, à entrevista coletiva junto à co-autora da obra, Olga Konskaya.

Nekrasov começou sua carreira no cinema como ajudante de Andrei Tarkovski, e, em 1993, apresentou em Cannes seu curta-metragem Springing Lenin. Ele explicou que, na realidade, sua idéia original para sua recente produção não era um documentário focado no ex-espião.

"No final dos anos 90, comecei a me dar conta de que algo ocorria em meu país e que tinha que documentá-lo", explicou o cineasta. "Com as explosões de 1999, entramos em uma nova era na Rússia", lembrou o diretor, falando sobre o atentado que destruiu dois edifícios em Moscou, e que, segundo Litvinenko, foi perpetrado pelos serviços secretos russos para justificar a guerra na Chechênia.

"A denúncia transformou Litvinenko em uma pessoa de destaque e estabeleci como meta pessoal segui-lo e entrevistá-lo sobre os atentados, que eram o motivo original do documentário", acrescentou Nekrasov.

Ele enfatizou que o objetivo de sua obra não é apontar culpados pelo assassinato, mas "contribuir para a resolução do caso, explicando o contexto e a situação".

Entre os entrevistados, além do ex-espião, estão o advogado Mikhail Trepashkin, preso na Rússia, e antigos colegas de trabalho de Litvinenko, possivelmente envolvidos em sua morte. Perguntado se depois do caso de Litvinenko ele teme por sua vida, Nekrasov reconheceu que "o medo é um sentimento muito humano".

"Entretanto, entre o medo e o prazer de ser você mesmo, contando a verdade, escolho a segunda opção, embora não seja um herói. Esse é o fundamento da moralidade", disse o cineasta. Ele acredita que "se Dostoievski ainda fosse vivo, seria um dissidente e estaria na prisão".

Os autores do documentário ainda não sabem se o filme poderá ser difundido na Rússia, mas Olga Konskaya destacou que receberam "centenas de e-mails" mostrando interesse nesse sentido. Por isso, pensaram na possibilidade de o "colocar de graça na internet, ainda que apenas 4% dos russos tenham acesso à rede".

Nekrasov acredita que, com a investigação, o caso "está em boas mãos", enquanto a viúva se negou a fazer comentários sobre se confia que a justiça será feita. Também não quis dar detalhes sobre se dará continuidade ao livro que estava escrevendo sobre o caso, mas explicou que ainda não tem um final, porque ainda não se sabe como foi que seu marido foi assassinado.

EFE
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