Marcelo Lyra
Direto do Rio
Dono de um extenso currículo dirigindo novelas como Sete Pecados, da Globo, Jorge Fernando até que se esforçou para não deixar seu novo filme, A Guerra dos Rocha, com cara de TV na tela grande. A câmera se movimenta bastante, de forma elegante e sofisticada, com freqüência recorrendo a planos longos e enquadramentos amplos, dentro da receita clássica de cinema.
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O problema é que o roteiro tem cara de sitcom, parecendo uma espécie de A Grande Família com toques melodramáticos. A presença de Lúcio Mauro Filho no elenco só reforça essa associação. Além disso, Diogo Vilela parece que saiu direto da série Toma Lá Dá Cá. Resumindo, é inevitável não achar que tudo parece mesmo televisão.
A trama parecia promissora, com a história da mãe desastrada (feita por Ary Fontoura) que é constantemente expulsa das casas dos filhos com quem vai morar. Mas a boa idéia logo se perde, com a mãe sendo envolvida numa patética história de seqüestro, onde a tentativa de humor está em drogar os bandidos.
Fontoura no papel de mulher tem um desempenho que lembra Tony Ramos em Se Eu Fosse Você, equilibrando-se numa corda bamba (ou melhor, salto alto), entre bons momentos e outros bem tolos. As piadas são muito fracas e não deixa de ser curioso constatar que o público não só ri de qualquer palavrão, como também das manjadas cenas de pastelão.
O diretor Jorge Fernando faz uma constrangedora ponta dando um show no palco, como uma drag queen, cantando em tons agudos. Enquanto ele dança, a vovó Ary Fontoura olha para a tela e diz: "é viado!". E o público cai na gargalhada. Justiça seja feita, apenas metade do público, o que deixa alguma esperança na humanidade.
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