Festival do Rio 2008

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Festival do Rio 2008

Sábado, 27 de setembro de 2008, 16h12 Atualizada às 17h36

"Não é só colocar vestido", diz Ary Fontoura sobre papel de mulher

Marcelo Lyra
Direto do Rio

Protagonista do filme A Guerra dos Rocha, de Jorge Fernando, Ary Fontoura vive uma experiência nova nas telas: interpretar uma mulher. Apaixonado por cinema, ele reviu comédias clássicas como Totsie ou Uma Babá Quase Perfeita, onde atores homens viviam mulheres, para se inspirar.

A Guerra dos Rocha conta a história da mãe desastrada (feita por Fontoura) que é constantemente expulsa das casas dos filhos com quem vai morar. Pouco antes do início da primeira exibição para o público, Ary falou com exclusividade ao Terra.

Como você se preparou para fazer um papel de uma senhora?
Quando recebi o roteiro, não entendi muito bem porque precisava fazer o papel de uma mulher. Fiquei muito preocupado quando aceitei, pois nunca tinha feito mulher no cinema, apenas no teatro. E no teatro, se você exagera nos trejeitos, isso não chega a ser um problema. Mas no cinema, com a câmera chegando perto e o som perfeito, se você passa um pouco do tom, pode colocar tudo a perder. É aquela coisa, no cinema, quanto menos você fizer, é melhor.

E o que você achou do resultado?
Não sei, por incrível que pareça, ainda não assisti ao filme. Ele ficou pronto há pouco e não houve tempo para uma sessão para a equipe. Vou ver agora com você. O que posso dizer é que achei muito difícil fazer o personagem. Não é tão fácil quanto parece, não é so colocar um vestido e uma peruca.

Qual foi a maior dificuldade?
É um papel que exige muita concentração, você fica o tempo inteiro compondo voz, trejeitos, cuidando para não exagerar. Também não havia muitas referências no cinema. Em Totsie, por exemplo, Dustin Hoffman precisava se fazer passar por mulher para ter um emprego, enquanto em Uma Babá Quase Perfeita, Robin Willians se disfarçava de mulher para se aproximar dos filhos. No caso mais clássico, Quanto Mais Quente Melhor, Jack Lemmon e Tony Curtis se faziam passar por mulher para escapar de seus perseguidores. Já no meu caso, não era disfarce, eu vivia realmente uma senhora, era uma questão histriônica. Tinha que fazer para valer.

É uma comédia, mas tem um lado triste, por essa questão dos idosos que acabam sendo um incômodo para certos filhos. Não é apenas para rir.
Sim, tanto que há cenas dramáticas, onde o personagem chora diante do pouco caso dos filhos, da decepção e do abandono. Na verdade o conflito maior é esse, o abandono de uma mulher, com os filhos preocupados apenas com a própria vida, um deles se apossando da casa que era dela. Ela é praticamente sozinha, mas não é conformada, está sempre buscando soluções. Mas o filme é uma comédia e há muitos momentos divertidos. Espero que o público goste.

Especial para Terra

Roberto Teixeira/Photo Rio News
Ary Fontoura fotografa ao lado do pôster de sua personagem em 'A Guerra dos Rocha'
Ary Fontoura fotografa ao lado do pôster de sua personagem em 'A Guerra dos Rocha'

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